COLUNA

Entendendo as DAOs

Publicado em: 20/01/2023 06:00

 (Foto: Divulgação)
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DAOs, ou Organizações Descentralizadas Autônomas são modelos organizacionais de indivíduos, unidos em torno de uma missão ou projeto comum, que usam contratos inteligentes vinculados a blockchain com o objetivo de otimizar os processos de tomada de decisão dentro de uma proposta de gestão mais participativa, transparente e democrática.

É bom que se diga que, apesar da minha confiança de que esse modelo será utilizado nas nossas relações sociais em não muito tempo – afinal, eu acredito que o mundo está indo para o caminho da descentralização das diversas formas de relações sociais -, eu ainda não me envolvi a fundo em nenhuma DAO mais estruturada. Como não tenho tanta experiência com as nuances das dinâmicas internas, vou me ater a conceitos mais básicos, já contando com a compreensão do leitor caso haja alguma imprecisão. É tudo muito novo e o aprendizado é meu também.

O conceito de DAOs busca replicar os modelos de gestão descentralizados, com mais igualdade entre seus membros e menos hierarquia. É possível fazer um paralelo com as cooperativas, por exemplo. Porém, sendo as DAOs montadas em Blockchain, as decisões são tomadas de maneira menos burocrática, mais rápidas, e seus membros não necessariamente precisam estar localizados em um local próximo (como nas cooperativas de alimentos, por exemplo).

Essas organizações, por terem suas conexões no meio digital, podem contar com membros de diferentes cantos do mundo. O que importa é o interesse compartilhado pela causa. Além disso, seus processos são feitos de forma mais democrática, transparente e eficiente, sem a necessidade de intermediários ou autoridades centrais.

Os membros de uma DAO normalmente contribuem com trabalho, recursos financeiros ou outros ativos em troca de tokens próprios da organização, que lhes dão direito a voto nas decisões coletivas. Esses tokens também podem ser negociados em mercados secundários, assim como qualquer criptomoeda ou NFT, o que permite que os membros saiam da organização a qualquer momento, dando espaço a novos usuários que desejam fazer parte da organização. E é sempre bom relembrar que, tendo a tecnologia blockchain como suporte para registro de todas as transações e interações, tudo é feito de maneira mais segura e transparente, o que ajuda e muito a diminuir a corrupção e a fraude.

Como tudo relacionado à Blockchain e o ecossistema cripto, as DAOs ainda terão de encarar muitos desafios antes de serem adotadas em larga escala. Ainda há muita incerteza recaindo sobre como as leis e regulamentos atuais se aplicam às DAOs. Não só desafios externos, internos também. Apesar da minha visão otimista, ainda é necessário um certo tempo para que a gente entenda todas as vantagens e desvantagens de uma governança feita por uma DAO.

Que as DAOs são uma inovação superimportante surgida a partir da tecnologia Blockchain, e que elas aos poucos já estão sendo inseridas em alguns nichos específicos, isso não há muita dúvida. Mas o potencial de transformação da forma como as empresas e organizações são geridas ainda é desconhecido. Mas, ainda que não seja fácil cravar até onde isso vai chegar, eu particularmente vejo com bons olhos qualquer modelo de gerência que considere medidas mais igualitárias entre os participantes, e que buscam mais democracia, transparência e eficiência em suas interações sociais internas.

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