Valores pernambucanos

Ary Avellar Diniz
Diretor do Colégio Boa Viagem e da Faculdade Pernambucana de Saúde

Publicado em: 15/06/2018 03:00 Atualizado em: 15/06/2018 10:15

As nações cujos povos são considerados exemplo de educação e fomentadores da cultura local mantêm orgulhosamente afixados os nomes de seus heróis ou cidadãos mais ilustres em galerias ou panteões nacionais, venerando-os e guardando-lhes o mais profundo respeito.

No Brasil, os mais elogiados profissionais ainda são os players de futebol.

Em meados de maio transato (14/05/18), anunciou-se pela imprensa a escolha dos jogadores selecionados pelo técnico Tite, em busca do caneco de ouro da próxima Copa do Mundo de Futebol.

Os noticiários se voltaram também para saudar os experts da bola, que se imortalizaram no esporte das massas em anos passados, tais como Pelé, Garrincha, Nilton Santos e outros.

Quebremos, pois, mais esse paradigma e pensemos mais alto. Permitam-me, sem puxa-saquismos, formar uma equipe de onze goleadores no campo do “empreendimento”, todos indeléveis na memória dos cidadãos pernambucanos nesses últimos anos. Pediria, no entanto, escusas ao deixar de anotar algum outro personagem merecedor, visto que o time a ser escalado somente contempla onze astros.

Dentro da minha humilde visão de pernambucano, encabeço a lista pelo dr. Ricardo Brennand, o qual, mesmo “noventão”, mantém seu carisma invulgar, sendo homem de plenas conquistas no mundo dos negócios, esses, os mais diversificados. Que Deus o abençoe sempre, juntamente com sua querida família, mediante os santos que se encontram na Capela de Nossa Senhora das Graças.

Em seguida, os escalados são os eméritos professores Paulo Freire e Gilberto Freyre, cuja produção intelectual significa grande legado cultural não só para os seus conterrâneos pernambucanos, como também para os demais brasileiros e outras pessoas além das fronteiras nacionais.

Na política local, destaca-se o aguerrido governador do estado dr. Agamenon Magalhães, um baluarte na política da Era Vargas, líder de amplitude nacional, e a tal ponto, que os entendidos políticos o consideravam possível sucessor do presidente Getúlio no comando da Nação Brasileira.

João Carlos Paes Mendonça, “Orgulho de ser nordestino”, sempre tratou profissionalmente os negócios de varejo, desde a rede de supermercados ao atual ramo de imponentes shopping centers. Cumulativamente, pendeu para o lado industrial do vinho, protegido pela sua Santa Isabel.

Austregésilo de Athayde, jornalista, professor, cronista e ensaísta, pela sua dignidade e inteligência, principalmente ao se apresentar com o fardão dos imortais. Ingressando na Academia Brasileira de Letras em 1951, foi presidente da Casa de Machado de Assis de 1958 a 1993, ano do seu falecimento, dirigindo-a durante 35 anos ininterruptos sempre com alta respeitabilidade.

Dr. Fernando Figueira, idealista nato, no seio da sua profissão médica, tendo fundado o IMIP, maior centro hospitalar do Nordeste, atendendo mais de 5000 pacientes diuturnamente. Expandiu o nosocômio, transformando-o em hospital-escola e inserindo no currículo escolar os cursos de mestrado e doutorado, além de outras pós-graduações.

Alberto Ferreira da Costa, “português com muito orgulho, brasileiro com muito amor”, encontra-se há 58 anos no Brasil. Eclético em suas realizações, destacou-se ao exercer as funções de provedor do Hospital Português há mais de 20 anos: fê-lo expandir-se dia a dia e abranger as inúmeras especialidades médicas de alto nível pela qualidade no serviço. Nas atividades voltadas à engenharia, edificou o prédio mais alto e imponente do Norte-Nordeste.

Urbano Vitalino, homem do direito, professor da Faculdade de Direito do Recife, exerceu assessoria a muitos profissionais. Ainda hoje, sua “banca” permanece no mercado, dinâmica e eficiente, à qual dão prosseguimento os seus sucessores.

João Roma, solicitado por milhares de pessoas em seu famoso Cartório do 6.º Ofício de Notas, atuante há 73 anos (data da fundação: 20/11/1945). Além de profissional competente, João Roma sempre recebia a todos com bom humor ao transmitir afetividade espontânea, conduzindo os trabalhos da maneira mais correta e confiável.

Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, que, vindo de Surubim para a capital pernambucana, se tornou o compositor de frevos mais festejado do Brasil. Autor prolífico, também compôs samba e música erudita. Seu frevo é estonteante e, alguns, verdadeiramente imortais… Que Deus o tenha no céu, compondo belíssimas canções ao lado de anjos e arcanjos.

E assim, está formado o time campeão!

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