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Invasão israelense em Rafah gera temor por consequências catastróficas

Incursões militares contra o Hamas em Rafah provocaram a fuga de mais de 100 mil pessoas
Por: AFP

Publicado em: 10/05/2024 22:51 | Atualizado em: 10/05/2024 22:51

O Exército israelense assumiu, na terça-feira (07), o controle da passagem de Rafah (foto: AFP)
O Exército israelense assumiu, na terça-feira (07), o controle da passagem de Rafah (foto: AFP)

Uma invasão israelense em Rafah causaria uma "catástrofe humanitária épica" em Gaza, alertou a ONU nesta sexta-feira (10), depois que as incursões militares contra o Hamas nesta cidade do sul de Gaza provocaram a fuga de mais de 100 mil pessoas.

 

Na frente diplomática, uma esmagadora maioria de países na Assembleia-Geral da ONU considerou que a Palestina merecia a adesão como membro pleno do órgão e votou a favor da concessão de direitos adicionais aos palestinos, na ausência de uma adesão verdadeira, bloqueada pelos Estados Unidos.

 

A votação simbólica, à qual a Argentina se opôs, desencadeou a ira de Israel. Seu ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, disse que essa votação recompensava a "violência" do movimento islamista Hamas por seu ataque de 7 de outubro. 

 

A Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, comemorou a resolução e disse que esta demonstrava que a Palestina "merece ser membro de pleno direito" das Nações Unidas.

 

A votação aconteceu após sete meses de guerra na Faixa de Gaza e um dia depois que foi concluída, sem sucesso, a última rodada de negociações indiretas entre Israel e Hamas no Cairo.

 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu que Israel lutará "sozinho", se for necessário, após o presidente americano, Joe Biden, ameaçar suspender o envio de certas armas, no caso de um assalto a Rafah.

 

Os Estados Unidos reprovam Israel pela forma como utiliza armas americanas na guerra, mas não encontraram provas suficientes para interromper o fornecimento, afirma um relatório publicado pelo Departamento de Estado americano.

 

Há meses, Netanyahu ameaça ordenar a invasão de Rafah, onde 1,4 milhão de palestinos vivem amontoados, a maioria deslocados pela guerra, por considerar que lá estão entrincheirados os últimos batalhões do Hamas.

 

Uma operação militar em Rafah causaria "uma catástrofe humanitária épica e acabaria com nossos esforços para ajudar a população perante a fome iminente", alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

 

 

'Situação de medo'

 

Equipes da AFP relataram disparos de artilharia israelense em Rafah na madrugada desta sexta-feira. 

 

Mais de 100 mil pessoas fugiram da cidade desde a segunda-feira, quando Israel pediu a evacuação do leste da localidade, segundo o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) para Gaza.

 

"No início da guerra, fomos para Rafah", disse Oum Soubhi, oriundo da Cidade de Gaza, no norte da Faixa. 

 

"Depois, vimo-nos deslocados várias vezes na região de Rafah pelas ameaças, os bombardeios e a situação de medo, antes de fugirmos para Nuseirat", no centro, disse. 

 

O Exército israelense assumiu na terça-feira o controle da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, e, desde então, tem realizado incursões "limitadas" em algumas áreas.

 

A ONU denunciou que esses avanços impediam o acesso de combustível em Gaza e freavam suas operações humanitárias. Na sexta-feira, Israel anunciou a entrega de 200.000 litros de combustível ao território assediado.

 

A guerra explodiu em 7 de outubro com uma incursão de milicianos islamistas que mataram 1.170 pessoas e capturaram 250, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

 

Após uma troca de reféns por presos palestinos durante uma trégua de uma semana em novembro, as autoridades israelenses calculam que 128 continuam em Gaza, dos quais 36 teriam morrido.

 

A ofensiva de represália de Israel deixou até agora 34.943 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas no território palestino. 

 

As operações terrestres deixaram 271 baixas nas fileiras israelenses, depois da morte de quatro soldados na Cidade de Gaza pelo explosão de um "artefato explosivo" perto de uma escola.

 

 

Retrocesso ao 'ponto de partida'

 

O Egito, um dos países mediadores junto de Estados Unidos e Catar, exortou ambas as partes a mostrarem "flexibilidade" para alcançar uma trégua que "ponha fim à tragédia humanitária" em Gaza.

 

O Hamas concordou na segunda-feira com uma proposta que previa a retirada das tropas israelenses de Gaza e a troca de reféns por prisioneiros palestinos, com vistas a "um cessar-fogo permanente".

 

Mas Israel reiterou a sua oposição a um cessar-fogo definitivo até que o Hamas seja derrotado.

 

A "rejeição por parte de Israel" da última proposta de trégua constitui um retrocesso das negociações a seu "ponto de partida", afirmou o grupo islamista, considerado como uma organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

 

Os Estados Unidos ainda consideram "possível" um acordo de trégua, sempre que as partes atuem com "coragem" e "boa-fé", afirmou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

 

O porta-voz da Casa Branca acrescentou que os Estados Unidos observavam "com preocupação" a operação israelense em curso em Rafah, mas que não a consideravam "grande".

 

A chancelaria francesa instou Israel a parar "sem demora" sua operação militar em Rafah que ameaça com criar uma "situação catastrófica" para a população de Gaza.

 

A África do Sul exigiu novas medidas de emergência contra Israel à Corte Internacional de Justiça (CIJ), devido à intervenção militar que impede a entrada de ajuda a Rafah.

 

E o presidente colombiano, Gustavo Petro, sugeriu que o Tribunal Penal Internacional (TPI) deveria emitir uma ordem de captura contra Benjamin Netanyahu, ao qual costuma tachar de "genocida".

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