Estrela de 'Tom na Fazenda', Armando Babaioff diz: "Nós, pernambucanos, somos maravilhosos"
Com premiações e reconhecimento internacional, o espetáculo Tom na Fazenda, estrelado pelo recifense Armando Babaioff, será apresentado em três sessões no Teatro Luiz Mendonça
Publicado: 07/11/2025 às 04:00
Ator recifense Armando Babaioff (Foto: Divulgação)
Há oito anos circulando pelo Brasil e pelo mundo com o espetáculo Tom na Fazenda, o ator recifense Armando Babaioff traz a peça de volta ao lugar que carrega no coração. Consagrada por um punhado de prêmios e com o status de fenômeno global, a montagem se apresenta mais madura nesta terceira passagem pela cidade, embora mantenha intacta sua estrutura original. As sessões acontecem no Teatro Luiz Mendonça, nesta sexta (7) e sábado (8), às 20h, e no domingo (9), às 19h.
Sob a direção de Adriano Portella, a obra é um ato de resistência, que se afirma tanto por sua longevidade — um feito e tanto no teatro brasileiro — quanto pela discussão urgente que sua temática propõe. A história, originalmente escrita pelo canadense Michel Marc Bouchard em 2009, e depois levada aos cinemas em 2013 por Xavier Dolan, destrincha os acontecimentos que sucedem a ida do protagonista, o publicitário Tom, à fazenda da família do seu falecido companheiro. Em uma tentativa de comparecer ao funeral, ele aterrissa em um universo rural e conservador, diante de uma realidade da qual não tinha conhecimento: sua sogra não sabe da sua existência, tampouco da sexualidade do filho.
Para Armando Babaioff, que está no teatro desde os 11 anos, mergulhar nessa jornada tornou-se mais do que um papel. Elegendo a peça como o maior projeto da sua vida, o ator encontrou em Tom na Fazenda uma forma de insistir e persistir. “Não é só entretenimento. É um movimento. Eu acredito que o teatro tem que ser tratado dessa forma”, crava o ator, que leva para os palcos a mesma seriedade que consagrou sua trajetória na TV, em sucessos como Sangue Bom, Bom Sucesso e Dona de Mim.
A peça carrega ainda o peso simbólico de o reconectar com suas raízes, afinal, foi com ela que ele se apresentou pela primeira vez em nossos palcos. Filho de cariocas, o que o fez recifense foi o deseja da mãe, Maria Ignez, de ter os filhos na cidade. “Minha memória afetiva, auditiva e olfativa são pernambucanas. A lembrança mais antiga de cheiro que tenho é do sargaço”, confessa. Para a nova temporada, ele não pensa em outra coisa (além de brilhar em cena, claro): matar a saudade da macaxeira e da carne de sol.
Essa forte identidade se manifesta também em sua visão de teatro. Em meio a tantas exportações de peças com atores globais para cá, o ator faz questão de valorizar os coletivos locais, como o Grupo Magiluth, um dos mais reconhecidos do teatro nacional contemporâneo. “É um modelo de se pensar teatro, de empreender, de forma parecida com a minha”, reflete. E arremata: “O que vem de fora é tão bem recebido porque o público é formado e crítico. Nós, pernambucanos, somos maravilhosos”.
E talvez seja aí onde mora o segredo do sucesso duradouro de Tom na Fazenda. “Recife, pela história e pelo povo, é um lugar onde posso voltar com o espetáculo vinte vezes que sempre haverá público. A cidade tem uma cultura estabelecida e orgulho da própria cultura, antes de mais nada”, afirma Babaioff, que ajuda a alimentar e renovar esse orgulho.