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Livro documenta trajetória de Petronio Cunha, criador da identidade visual de Olinda

O livro Recorte Gráfico – Petronio Cunha aborda o trabalho e a vida do artista gráfico e plástico que foi responsável pela criação da identidade visual de Olinda como cidade Patrimônio da Humanidade

Allan Lopes

Publicado: 29/10/2025 às 04:00

Petronio Cunha foi o responsável pela criação da identidade visual de Olinda como Cidade-Patrimônio da Humanidade/Foto: Leopoldo Conrado

Petronio Cunha foi o responsável pela criação da identidade visual de Olinda como Cidade-Patrimônio da Humanidade (Foto: Leopoldo Conrado)

Há uma magia que emana das ladeiras de Olinda, uma identidade visual que transcende o tempo e que, há décadas, ganhou forma e cor pelas mãos de um único artista, Petronio Cunha, paraibano que fez da cidade histórica o seu lar. A força criativa da sua obra está reunida no livro Recorte Gráfico – Petronio Cunha, a ser lançado pela Cepe Editora nesta sexta, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda. O título tem coordenação de Júlio Cavani, curadoria de Antônio Paes e idealização e diagramação de Germana Freire. No lançamento, haverá a exposição Gráfica Pernambucana – Um Episódio, com 16 telas de Petronio.


Com 300 páginas, a publicação se desdobra como um verdadeiro inventário visual do artista. São mais de 400 imagens que destacam a amplitude de sua produção e a precisão técnica que marca cada etapa de sua obra. Diante de um repertório tão vasto, o livro oferece um mapa para navegar por este universo inesgotável. “É impossível calcular a quantidade e o volume da arte produzida por Petronio ao longo das décadas. Ele sempre foi um criador hiperativo, quase compulsivo, que produz o tempo inteiro para si mesmo e para o mundo”, observa Júlio Cavani.


Nascido em 1941, ele estudou Arquitetura na UFPE e, após se formar, embarcou em uma jornada formativa. Primeiro em Brasília, para se aprofundar em Comunicação Visual, depois em São Paulo, onde se dedicou à área gráfica e deu seus primeiros passos no desenho artístico.Sua busca, no entanto, demandava um palco maior. Foi assim que, entre 1971 e 1973, o mundo se abriu para ele em Paris. Depois, retornou à capital paulista, onde descobriu a arte do recorte em papel, pronta para se tornar uma de suas marcas.


Radicando-se em Olinda em 1978, Petronio foi o responsável por criar, enquanto trabalhava na prefeitura, a identidade visual que consagrou a cidade como Patrimônio da Humanidade, cujo legado permanece referência até hoje. “Além de ter influenciado fortemente várias gerações de artistas, ele produziu peças que passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas nas ruas, nos prédios e em materiais gráficos de comunicação pública, como cartazes, camisetas e sinalizações”, destaca o coordenador da obra.


Por isso mesmo, a proposta do livro surgiu como uma parceria entre a Cepe e o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE), localizado em Olinda, que tem a marca criada por Petronio.“Ainda não havia sido produzida uma publicação que transmitisse a grandiosidade de sua obra”, diz Julio.

Ao longo da carreira, somou inúmeras exposições coletivas e individuais (a última em 2019) e venceu, em 1996, o prestigioso CorelDraw International Design Contest. Na visão de Julio Cavani, no entanto, nenhuma honraria ou mostra consegue capturar por completo a forma como sua arte se entrelaçou para sempre com o imaginário local. “Sua obra é essencialmente gráfica, poética e comunicativa. Ele desafia as fronteiras entre palavras e imagens”, reflete.

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