Sonya, ex-Quarteto em Cy, revisita trajetória e lança novo disco
'Da Saudade Boa' reúne composições próprias e releituras de parceiros como Luiz Carlos Sá e Sidney Miller
Publicado: 18/08/2025 às 04:00

Sonya, ex-integrante do Quarteto em Cy (Foto: Marcelo Castello Branco/Divulgação)
O Quarteto em Cy, reconhecido como o maior e mais duradouro grupo vocal feminino do Brasil, chegou ao fim em 2023 após a morte de Cyva, uma das fundadoras. A formação original já havia sofrido as perdas de Cybele e Cynara. Quando tudo parecia silêncio, Sonya, que caminhou ao lado das irmãs por 54 anos, resgata memórias inesquecíveis e melodias no álbum Da Saudade Boa, já disponível nas plataformas digitais.
E não poderia haver título mais apropriado. São 13 composições que evocam a nostalgia de quem ama e respira a MPB, como nas delicadas homenagens a Tom Jobim em Você Vai Ver e Ao Amigo Tom, entre tantos outros amigos, mestres e palcos que marcaram sua caminhada. “Pensei em fazer algo que me conectasse às lembranças do Quarteto e de tudo que conquistamos: o sucesso no Brasil inteiro, as tantas apresentações no Recife, onde sempre fomos muito bem recebidas”, explica Sonya, em conversa com o Viver.
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Para transformar essas memórias em música, a cantora se cercou de vozes amigas e familiares. Não por acaso, Luiz Cláudio Ramos, maestro de Chico Buarque que acompanhou o Quarteto em Cy ao longo de tantos anos, ficou responsável pelos arranjos de 11 canções. Uma das exceções é Gaiolas Abertas, que teve arranjo assinado pelo saudoso João Donato, autor da música ao lado de Martinho da Vila. “Eu estava pensando em me recolher, estudar, gravar outras coisas. Mas o Luiz Cláudio me escreveu: ‘Soninha, você não pode parar, vamos fazer um disco’. E assim tudo começou”, relembra.
As lembranças também a levaram mais longe no tempo, de volta a 1965 Foi nessa época, durante a peça Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes, que Sonya participou de um concurso estudantil e conquistou o primeiro lugar com a música Manhã de Liberdade, de Marco Antônio Menezes e Nelson Luiz de Barros. "Naquela época, eu estudava para ser professora. Me formei em piano com 14 anos e já dava aula. Nunca tinha cantado profissionalmente Mas esse concurso foi um divisor de águas", relembra.
Os jurados, entre eles diretores como Oswaldo Piana Filho, acabaram a convidando para participar do grande show Samba Pede Passagem, ao lado de nomes como Aracy de Almeida e Baden Powell. Sonya cantou com Powell e com o Grupo Mensagem, que também contava com um jovem compositor iniciante: Luiz Carlos Sá, da dupla Sá & Guarabyra. Para Da Saudade Boa, ela chamou Sá para gravarem juntos Samba da Aurora, música que integrava o repertório do grupo na época.
O disco é o segundo trabalho solo de Sonya, mas o primeiro desde sua saída do Quarteto em Cy. Um novo ciclo, guiado pela saudade. “Sempre lembro daquele momento antes do show, com a cortina fechada, só nós quatro ali, ouvindo o burburinho do público, aquela expectativa gostosa… Hoje é diferente, mas não vou estar sozinha. Terei os músicos ao meu lado e o repertório do grupo como alento”. Porque certas vozes permanecem mesmo quando se calam.

