"Jamais visitaria": turistas repercutem agressões envolvendo barraqueiros e casal em Porto de Galinhas
Paraíso pernambucano tem deixado de ser rota de alguns turistas que pretendem vir para o Nordeste, segundo relatos
Publicado: 29/12/2025 às 22:17
Porto de Galinhas é um dos principais destinos de turistas no estado (Foto: Divulgação/Prefeitura de Ipojuca)
Turistas demonstraram indignação após a repercussão do caso envolvendo um casal natural do Mato Grosso, agredido por mais de dez barraqueiros no último sábado (27) em Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco. A situação chamou a atenção de brasileiros com viagem marcada para o local e trouxe à tona diversas experiências negativas de outros visitantes.
Os relatos de turistas e moradores envolvem denúncias de extorsões e ameaças que vão além das barracas da areia da praia. Entre os casos mais comuns estão aqueles envolvendo os “flanelinhas”, que muitas vezes obrigam motoristas a pagar por um suposto serviço de “vigia” do veículo.
O aposentado Paulo Ribeiro, de 55 anos, presenciou a esposa e a sogra serem alvo de uma abordagem incisiva. “A situação que aconteceu comigo envolvendo os flanelinhas aconteceu comigo há uns dois anos. Nesse dia, eu fui acompanhando minha esposa e a mãe dela. Eu já sabia que o flanelinha ia chegar pra cobrar dinheiro. Com a minha presença, ele segurou um pouco a onda. Mesmo assim, elas ainda deram um troco pra ele, que ficou muito irritado com o valor recebido”, relata.
Paulo destaca que sempre busca estacionar o carro em locais sem a presença de flanelinhas para evitar abordagens grosseiras e o risco de ter o veículo danificado.
O engenheiro mecânico Raphael Garcia, natural de São Paulo, mora atualmente no Recife e visitou Porto de Galinhas pela primeira vez em 2023, acompanhado de um amigo. Para ele, a experiência com os barraqueiros também não foi positiva.
“O barraqueiro cobrou R$ 80 por um serviço que não tinha sido combinado quando a gente chegou à praia. Na hora em que ele veio cobrar, eu disse que não ia pagar aquele valor. A partir daí, o tom da conversa subiu e começou uma discussão. A gente chegou a ficar cara a cara, mas eu argumentei que não era justo, que a gente ia consumir bebida e ia pagar o valor referente a ela”, relembra.
“Em determinado momento, meu amigo interveio e disse que pagaria R$ 40. Aí o barraqueiro baixou a bola e ficou por isso mesmo. Porque, veja, ninguém está dizendo que não tem que pagar. A gente está consumindo, eles estão trabalhando. Isso é justo. O problema é a forma como acontece. Não precisa ser desse jeito. O maior problema, no fim das contas, é o sistema, que acaba deixando tudo muito solto”, afirma.
Medo
A repercussão também vem afastando potenciais turistas, que desistem de viajar ao destino por medo. Uma moradora do Mato Grosso, que preferiu não se identificar, afirmou que “jamais” iria a Porto de Galinhas. “Os turistas não tiveram suas vidas ceifadas por pouco. Até o Rio de Janeiro é menos assutador”, relatou.
A vendedora Edna, de 33 anos, moradora do Grande Recife, disse ter sido ameaçada por um barraqueiro em agosto deste ano. Ela estava com dois amigos na ocasião e havia consumido apenas água de coco, mas foi cobrada em R$ 100, valor referente ao consumo mínimo.
“Eu disse que ele estava com duas conversas e ele não gostou. Eu disse: o senhor disse que qualquer coisa que se a gente consumisse da barraca de vocês, a gente não pagaria taxa de mesa nem de guarda-sol. Aí ele disse que era o valor mínimo”, contou Edna.
Ela afirmou ainda que estava deixando a praia quando lembrou de pagar a água de coco e retornou para falar com o barraqueiro. Segundo ela, o vendedor a ameaçou e disse que, se o valor não tivesse sido pago, iria atrás dela e dos amigos.
“Eu não pagaria o valor de R$ 115 por três água de coco em pleno agosto, eu teria chamado a polícia, mas meu amigo quis apaziguar e pagou. Eu entendo o lado dele”, frisou.