Moradores do Centro do Recife na expectativa da demolição do Edifício 13 de Maio
Vizinhos do Edifício 13 de Maio vivem uma "esperança com desconfiança" após escolha de empresa responsável pela demolição do prédio
Publicado: 22/12/2025 às 15:16
Edifício 13 de Maio, na Rua da União, Boa Vista (Francisco Silva/DP Foto)
Vizinhos do Edifício 13 de Maio, no Recife, vivem uma “esperança com desconfiança” após escolha de empresa responsável pela demolição. Segundo a Prefeitura do Recife, uma equipe da Defesa Civil irá realizar, nesta terça (23), uma vistoria no Edifício 13 de Maio, localizado na Rua da União, bairro da Boa Vista, para definir a data da demolição.
“Estávamos na expectativa do anúncio da empresa, pois a licitação anterior expirou e nada aconteceu. Por isso, acho que a expectativa é positiva, uma vez que estão cumprindo a promessa de demolir o prédio que já dura anos. Porém, estamos em alerta para que essa licitação seja executada. Só acreditamos de fato quando começar as obras de demolição”, alertou Alexandre Ramos, subsíndico do Edifício União, vizinho do 13 de Maio.
No último dia 4, a Nova Terra Serviços de Engenharia foi anunciada como a empresa responsável pela demolição do prédio. Mas ainda não há uma data definida para o início do serviço.
Segundo a Prefeitura do Recife, uma equipe irá realizar, nesta terça-feira (23), uma visita técnica na edificação, classificada de risco muito alto. Moradores da vizinhança esperam, a partir de então, a data da demolição seja anunciada.
História
As obras do Edifício 13 de Maio começaram ainda na década de 1950 e nunca foram concluídas. O prédio representa um risco antigo para os moradores e transeuntes da localidade, principalmente por apresentar ferragens oxidadas e deterioradas, fatores que colocam a edificação em alto risco de desabamento.
“Antes, esse prédio só estragava a vista de uma das paisagens mais bonitas do Recife, que é o conjunto do Ginásio Pernambucano, do Palácio da Justiça, entre outros”, analisou João Nunes, que reside no Edifício União há 54 anos.
“Mas, de um tempo pra cá, ele estraga a nossas vivências, pois estamos correndo risco de perder a vida. Isto é muito sério. Vivemos no fio da navalha”, completou.
Em 2024, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) emitiu um relatório que alertava a máxima urgência de acelerar o processo de derrubada do imóvel, considerada a “única alternativa a ser providenciada no sentido de eliminar o risco e, antes de tudo, de evitar uma possível tragédia alertada pelo próprio Poder Público”.
Além disso, os auditores do TCE afirmaram, na época, que a prefeitura tem o dever de evitar "possíveis mortes" por conta do “risco de desabamento iminente”, provocado, segundo o alerta emitido na época pelo TCE, pelo comprometimento de suas estruturas, manifestações de corrosão, e fissuras na superfície.
A Prefeitura do Recife chegou a anunciar, em 2024, que estava “atenta à questão do imóvel abandonado” e iria publicar um edital de licitação para contratar a empresa que realizaria a demolição, algo que só foi concretizado no último dia 4 de dezembro.
Na época, a gestão municipal ainda explicou que o município chegou a acionar a Justiça diversas vezes e conseguiu liminar determinando que os proprietários da edificação realizassem a recuperação do imóvel.
Apesar de todo esse imbróglio judicial, que já dura alguns anos, as pessoas que transitam e que vivem na localidade desejam que de fato esse edifício seja demolido.
“Mantenho a esperança de que os órgãos responsáveis cumpram de fato essa demolição, pois eles não estão tratando com materiais de construção. Eles estão tratando com vidas, com pessoas que investiram muito dinheiro nos seus imóveis. Então, tenho a esperança que isso se concretize o mais rápido possível”, afirmou João Nunes.
Outros problemas
Outro problema relatado pelos moradores que residem no entorno do Edifício 13 de Maio é que as casas interditadas, por conta do risco de desabamento, estão sendo saqueadas.
“Uma moradora foi obrigada pela justiça a sair da sua residência e a casa está sendo saqueada por algumas pessoas que transitam por essa localidade. Antes tinha um segurança, mas agora estão levando tudo o que tem nessa casa”, relatou Alexandre Ramos.
Em julho deste ano, um homem de 52 anos, identificado como Emerson Gadelha de Freitas, foi encontrado esfaqueado dentro do estacionamento interditado, que fica ao lado do Edifício 13 de Maio, após ter sido surpreendido por um indivíduo que teria invadido pelo telhado, na tentativa de praticar furtos.