Com mais de 4 mil casos de dengue em 2025, Recife ultrapassa em 71% o número de ocorrências registradas no ano passado
Segundo o último Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Recife, a cidade registrou 4212 casos de dengue até 8 de novembro deste ano, número que já ultrapassa os 2463 registrados em 2024
Publicado: 15/12/2025 às 08:26
Com relação aos números de Chikungunya, foram notificados 464 confirmações, número que representa uma redução de 37,72% em comparação a todo ano de 2024 (Foto: Divulgação/Arquivo Agência Brasil)
Apesar do ano de 2025 não ter terminado, o Recife já conseguiu ultrapassar em 71% o número de casos de dengue confirmados em relação a 2024. Segundo dados do último Boletim Epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Saúde da capital pernambucana, a cidade notificou 4212 ocorrências de dengue até o dia 8 de novembro, data utilizada como referência pela gestão municipal.
Ainda conforme o boletim, em todo o ano de 2024, foram registrados 2463 casos de dengue. Segundo a gerente de Vigilância Ambiental e Controle de Zoonoses do Recife, Vânia Nunes, esse aumento está relacionado à reintrodução do tipo 3 do vírus da dengue no Recife, que havia despertado pela última vez na cidade em 2003.
“Quando você tem um tipo de vírus que passou um tempo ausente, toda a população que nasceu depois daquele período da entrada vai estar suscetível. Além disso, o vírus tipo 3 da dengue tem uma gravidade maior do que os tipos 1 e 2 que são mais comuns, pois ele provoca mais hospitalizações. Já registrados casos graves de crianças nas nossas unidades pediátricas, justamente aquela faixa etária mais suscetível ”, explicou.
Além disso, a questão climática também foi outro fator que ajudou, segundo Vânia, no aumento dos casos, principalmente porque em 2025 foi registrado um período maior de dias com chuvas intermitentes.
“Recife é uma cidade propícia à proliferação do mosquito da dengue, pois a cidade tem uma temperatura alta, assim como a umidade. Juntos a isso, esse ano tivemos mais chuvas intermitentes, que são aquelas que duram um período maior de dias, do que as torrenciais. Isso faz com que a cidade fique ainda mais quente e úmida”, ressaltou Vânia Nunes.
Apesar desses números, esse quantitativo não coloca, segundo a gerente, o Recife em estado de epidemia. Com relação aos números de Chikungunya, foram notificados 464 confirmações, número que representa uma redução de 37,72% em comparação a todo ano de 2024, quando foram contabilizados 745 ocorrências. Já os números de Zika permanecem zerados assim como no ano passado.
Bairros com maior risco de infestação
Ainda conforme o Boletim Epidemiológico, quatro bairros do Recife estão atualmente com risco muito alto de infestação pelo Aedes aegypti, são eles: Vasco da Gama, na Zona Norte da capital; Brasília Teimosa, Ibura e Cohab, ambos na Zona Sul do Recife.
Com relação às localidades que apresentam risco alto de infestação, estão os bairros de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife; Ilha Joana Bezerra, na região central; Nova Descoberta, na Zona Norte; Várzea, Jardim São Paulo, ambos na Zona Oeste da Capital.
“Essas classificações são atualizadas a cada dois meses, mas tem os bairros que se mantém por conta de sua infraestrutura. Por exemplo, a Cohab e o Ibura, são localidades que têm uma maior intermitência de água e é por isso que o nosso reforço é contínuo. Mesmo assim, bairros como Cohab, Ibura, Nova descoberta, Vasco da Gama e uma região específica de Santo Amaro ficam alternando entre risco muito alto e alto”, explicou Vânia.
Ainda conforme a gerente, o verão, que iniciará no dia 21 de dezembro, é considerado o período mais crítico de incidência de casos de dengue, por conta que o Recife ainda vive a realidade de racionamento de água, no qual pessoas fazem armazenamento de água de forma incorreta.
Incidências
O boletim também apontou que 17 bairros do Recife estão com alto coeficiente de incidência de casos, são eles: Ibura e Imbiribeira, na Zona Sul; São José, Joana Bezerra, Boa Vista e Santo Amaro; na região central; Campina do Barreto, Água Fria, Beberibe, Cajueiro, Nova Descoberta, Vasco da Gama, Alto Santa Terezinha, Alto José do Pinho, Alto do Mandu, Casa Amarela e Dois Irmãos, na Zona Norte.
Apesar da maioria desses bairros não apresentarem um quantitativo de focos e mosquitos circulando, a movimentação populacional, por se tratarem de áreas onde existe um comércio mais ativo, faz com que apresentem um número de incidência alto por cada 10 mil habitantes.
Campanha
Para o ano de 2026, a Prefeitura projeta ampliar as ações intensivas de prevenção e combate aos focos do mosquito.
“A gente tem um trabalho contínuo de prevenção, no qual começamos desde 2021 com os plantões dos agentes de saúde ambiental nos finais de semana em áreas prioritárias eleitas a cada 2 meses”, explicou Vânia.
Ainda segundo ela, foram instaladas, em várias localidades do Recife, estações disseminadoras de larvicidas, que são armadilhas colocadas em locais propícios à proliferação do mosquito Aedes aegypti, em que a própria fêmea faz a distribuição de larvicida para os microcriadouros.
Esse quantitativo, segundo Vânia Nunes, deve aumentar com a instalação de 120 equipamentos dessa natureza em unidades de saúde municipais. Além disso, haverá ações de prevenção no período pré-carnaval, período em que o fluxo de pessoas circulando no Recife aumenta, além de outras atividades ao longo do ano.
“A dengue é sempre preocupante por ser uma doença gravíssima que pode levar a óbito, principalmente com a população que tem maior vulnerabilidade, que são as crianças e os idosos”, alertou
Vânia também destacou a importância das pessoas que têm casas, terrenos ou imóveis desocupados, cuidarem desses locais que podem se tornar possíveis criadores.
Outro apelo de conscientização da população é que os síndicos de prédios possam autorizar a entrada dos agentes de saúde ambiental para que possam fazer as vistorias em áreas comuns.
Cuidados pessoais
O Ministério da Saúde orienta que a população tome alguns cuidados pessoais para se proteger do Aedes aegypti, como:
- Elimine água parada: vasos, pratos de plantas, garrafas e pneus podem se tornar criadouros;
- Mantenha calhas e ralos limpos para evitar o acúmulo de água em casa;
- Proteja caixas d’água: tampe bem tonéis, barris e reservatórios;
- Caso tenha piscina, mantenha a água tratada e coberta quando não usada;
- Descarte o lixo corretamente, já que o acúmulo é fonte de água parada;
- Use repelente e roupas que protejam, especialmente em áreas de risco;
- Instale telas nas janelas em regiões de reconhecida transmissão;
- Reporte possíveis focos de mosquito para a vigilância sanitária;
- Receba os Agentes de Combate às Endemias em casa quando houver visita, eles são responsáveis por identificar e eliminar focos do mosquito;
- Assegure a vacinação de crianças e adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos.