Marco arquitetônico do Recife, prédio da Boa Vista deixa de ser sede administrativa da Neoenergia até 31 de dezembro
Informação foi confirmada nesta quinta (11) durante evento que marcou divulgação das ações de 2025. Equipes estão sendo transferidas para imóvel no Bongi, na Zona Oeste
Publicado: 11/12/2025 às 15:24
projeto paisagístico do prédio onde funciona a Neoenergia é assinado por Roberto Burle Max (Foto: Divulgação)
É o fim de uma era. Marco arquitetônico e da história recente do Centro do Recife, o edifício da Neoenergia Pernambuco, na Boa Vista, deixará de ser sede administrativa da empresa até o dia 31 de dezembro deste ano.
Construído em 1972 para sediar a extinta Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), o imóvel de oito andares e mais de 40 mil metros quadrados será entregue ao governo do estado, para abrigar a Secretaria Estadual de Educação.
A confirmação do fim das atividades administrativas no prédio foi confirmada, nesta quinta (11), durante um evento que marcou a divulgação dos resultados da empresa em 2025.
O edifício é um Imóveis Especiais de Preservação (IEP), segundo a Lei nº 16.284/97.
A norma que inclui o prédio da Celpe define os Imóveis Especiais de Preservação (IEP), “para efeito da proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural do Município do Recife”.
O artigo 2º diz que os IEPs “são exemplares isolados, de arquitetura significativa para o patrimônio histórico, artístico e/ou cultural da cidade do Recife, cuja proteção é dever do Município e da comunidade, nos termos da Constituição Federal e da Lei Orgânica Municipal”.
No evento, a Neoenergia Pernambuco informou que as equipes administrativas vão deixar o prédio ao longo deste mês.
A estrutura administrativa segue para um complexo no Bongi, na Zona Oeste. A princípio, todos vão trabalhar em um imóvel provisório, até a construção da nova sede definitiva. Com obras em andamento, o prédio novo terá 6.500 metros de área construída, em dois pavimentos. Serão 753 estações de trabalho.
Durante a fase de transição, equipes da central de operações vão permanecer no prédio da Avenida João de Barros, na Boa Vista, até que todo o sistema fique pronto, no Bongi.
Relembre
No dia 24 de setembro, surgiu a primeira informação sobre a venda do prédio da Neoenergia para o governo pernambucano.
O Diário Oficial do estado informou, no dia 24 daquele mês, que o governo de Pernambuco havia desapropriado o imóvel.
“Fica declarado de utilidade pública, para fins de desapropriação, imóvel, com suas benfeitorias porventura existentes, situado à Avenida João de Barros, n.º 111, bairro da Soledade, Município do Recife, neste Estado, onde se localiza o Edifício Sede da Neoenergia Pernambuco”, diz o artigo 1º do DO.
Mesmo com a concretização do negócio e o anúncio do fim das atividades administrativas, a Neoenergia ainda não informou o valor da negociação com o estado. Na empresa, comenta-se que é um “segredo guardado a sete chaves”.
História
Durante décadas, o ‘Prédio da Celpe’ foi uma referência para o recifense que se locomovia pelos bairros da Soledade e Boa Vista. Ele foi concluído em 1972 e projetado por Vital Pessoa de Melo e Reginaldo Esteves, dois expoentes da arquitetura moderna pernambucana.
O prédio, inclusive, é apontado como uma obra de referência no uso do concreto como forma de expressão dos edifícios, com seus quebra sóis verticais e horizontais.
O projeto paisagístico é assinado por Roberto Burle Max, integrando o jardim à entrada da edificação, com os espelhos de água até a escada de concreto protegido por uma coberta em balanço.
Lei
A lei que inclui o prédio da Celpe define os Imóveis Especiais de Preservação (IEP), “para efeito da proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural do Município do Recife”.
O artigo 2º diz que os IEPs “são exemplares isolados, de arquitetura significativa para o patrimônio histórico, artístico e/ou cultural da cidade do Recife, cuja proteção é dever do Município e da comunidade, nos termos da Constituição Federal e da Lei Orgânica Municipal”.
No artigo 6º, fica assegurado aos IEP o potencial construtivo do terreno do Imóvel preservado.
“Caberá ao proprietário do IEP a manutenção das características originais do imóvel, mediante a execução, às suas expensas, de intervenções que visem à preservação dos elementos que determinam a importância do imóvel para o patrimônio histórico, artístico e cultural do Município”.
Art. 8ºPara efeito da preservação do IEP, considera-se:
I - conservação - a intervenção de natureza preventiva, que consiste na manutenção do bem cultural preservado;
II - recuperação (ou reparação) - a intervenção de natureza corretiva, que consiste na substituição, modificação ou eliminação de elementos estranhos ou incompatíveis com a unidade arquitetônica do conjunto ou do edifício isoladamente considerado;
III - restauração - a intervenção, também de natureza corretiva, que consiste na reconstituição das características originais do imóvel no tocante a fachadas e coberta, mediante recuperação das estruturas afetadas e dos elementos destruídos, danificados ou descaracterizados ou, ainda, de expurgo de elementos estranhos.
Art. 9ºNão será permitida nos IEP qualquer intervenção que implique em:
I - demolição;
II - descaracterização dos seus elementos originais;
III - alteração da volumetria e da feição da edificação original.
Parágrafo Único. Os anexos da edificação original, assim consideradas as construções acrescidas ao imóvel preservado, poderão ser demolidos, mediante autorização do órgão municipal competente, para viabilizar novas construções no terreno do IEP.
Características
Durante décadas, o ‘Prédio da Celpe’ foi uma referência para o recifense que se locomovia pelos bairros da Soledade e Boa Vista. Ele foi concluído em 1972 e projetado por Vital Pessoa de Melo e Reginaldo Esteves, dois expoentes da arquitetura moderna pernambucana.
O prédio, inclusive, é apontado como uma obra de referência no uso do concreto como forma de expressão dos edifícios, com seus quebra-sóis verticais e horizontais.
O projeto paisagístico é assinado por Roberto Burle Max, integrando o jardim à entrada da edificação, com os espelhos de água até a escada de concreto protegido por uma coberta em balanço.
Com recuos bastante acentuados, liberando espaço para o belo jardim projetado por Burle Marx, o edifício com lâmina levemente curva, paralela à rua, é um dos marcos da arquitetura moderna em Pernambuco. A fachada que dá acesso público ao edifício, voltada para a Avenida João de Barros, é definida por uma grelha formada pelas colunas e vigas em concreto aparente além dos brises, também em concreto. Estes elementos atuam como proteção a forte incidência solar na fachada. As fachadas laterais revestidas em pastilha são arrematadas pela coluna em concreto aparente, que se prolonga pela cobertura formando uma elegante moldura ao edifício.
Quem foi Burle Marx
Roberto Burle Marx nasceu em São Paulo, em 4 de agosto de 1909. Ele morreu no Rio de Janeiro, em 4 de junho de 1994. Ele atuou como artista plástico, paisagista e pintor.
É considerado o responsável por ter introduzido o paisagismo modernista no Brasil. Também foi um dos primeiros paisagistas a utilizar plantas nativas brasileiras em seus projetos.