Mulher denuncia PM por estupro durante abordagem em posto do BPRv, no Cabo de Santo Agostinho
O caso aconteceu na noite de sexta-feira (10), em posto do BPRv, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife
Publicado: 14/10/2025 às 09:32

Mulher denuncia PM por estupro durante abordagem em posto do BPRv, no Cabo de Santo Agostinho (Google Street Views)
Uma mulher, de 48 anos, denunciou um policial militar por estupro durante uma abordagem no Posto do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv), localizado próximo ao Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife. O caso teria ocorrido na noite da última sexta-feira (10), por volta das 22h30, e foi formalmente registrado no sábado (11) na Delegacia da Mulher do município.
De acordo com a Corregedoria da Polícia Militar, a vítima trafegava em direção à praia de Gaibu acompanhada de uma amiga e das duas filhas, de 16 e 9 anos, quando foi parada por três policiais que realizavam fiscalização de rotina. Após apresentar os documentos do veículo e a Carteira Nacional de Habilitação, foi informada por um dos agentes sobre a existência de débitos de licenciamento e multa.
Segundo o relato, o policial pediu que ela o acompanhasse até uma área interna do posto, alegando que faria parte do procedimento. Dentro de uma sala, o agente teria apagado as luzes, exposto a genitália e tentado manter relação sexual à força. A mulher afirmou ter resistido, mas o policial a obrigou a praticar sexo oral. Após o ato, ele teria feito comentários de cunho sexual e liberado a vítima, que deixou o local com as filhas e a amiga.
No dia seguinte, a mulher procurou a Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho e registrou o Boletim de Ocorrência. Na unidade, ela reconheceu o suspeito a partir de fotografias mostradas pelos investigadores. Roupas usadas no momento do abuso foram recolhidas pela equipe policial, mas, segundo o depoimento, ela não foi encaminhada ao Instituto de Medicina Legal (IML) para exame pericial.
A vítima relatou ainda temer represálias, uma vez que o policial teve acesso a seus dados pessoais durante a abordagem. O caso foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar, que deverá apurar a conduta do agente e identificar os outros dois policiais que estavam no posto no momento da ocorrência.
O documento foi assinado na presença de uma representante da Secretaria da Mulher do Recife.
O que diz a Defesa
Segundo Maria Julia Leonel, Integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, o caso chegou ao conhecimento da Comissão na segunda-feira (13). De imediato, o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) e outras entidades de direitos humanos foram mobilizados para formar uma frente de apoio e garantir acompanhamento jurídico e social à vítima.
“A gente faz essa articulação quando estamos diante de casos que violam os direitos humanos institucionais. Então, está havendo essa mobilização, inclusive junto com o Ministério Público, para que a gente consiga fazer essa frente mais ampla”, afirmou a advogada.
Ainda de acordo com ela, após o depoimento prestado pela vítima à Corregedoria da Polícia Militar, foi realizada uma reunião com a Secretaria da Mulher de Pernambuco. Durante o encontro, a pasta informou que vai acompanhar o caso e cobrar respostas da Secretaria de Defesa Social (SDS) para que as investigações avancem com celeridade.
“Paralelamente a isso, a gente está articulando como vai ser feita a defesa. Emitimos uma nota para o Ministério Público, requerendo os nomes dos quatro policiais que estavam de plantão no momento da ocorrência e os procedimentos que estão sendo adotados”, completou.
O que diz a PM
Nesta segunda-feira (13), a PMPE tomou conhecimento de uma denúncia registrada na 14ª Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho. O caso, ocorrido em 10 de outubro de 2025, envolve um policial militar do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv).
Diante da seriedade dos fatos, o Comando Geral da PMPE determinou a imediata instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para assegurar uma apuração justa, transparente e completa. Assim que os policiais envolvidos forem identificados, eles serão afastados de suas funções operacionais enquanto as investigações estiverem em andamento.
A Polícia Militar lamenta o fato e reitera que todas as providências necessárias serão adotadas para garantir a justiça, preservar a disciplina e fortalecer os valores éticos que norteiam a instituição.

