Secretaria divulga recomendações para profissionais de saúde sobre casos de intoxicação por metanol
O documento traz orientações sobre dosagens de antídotos e a importância do diagnóstico precoce
Publicado: 07/10/2025 às 18:23

Profissionais de saúde recebem orientações para lidar com pacientes intoxicados por metanol (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
A Secretaria estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) divulgou nesta terça-feira (7) recomendações pára profissionais de saúde que irão lidar com pacientes intoxicados por metanol. Até o momento, o estado soma 29 casos suspeitos.
O material, elaborado pela equipe de vigilância em saúde, tem como objetivo padronizar o manejo clínico, laboratorial e epidemiológico dos casos, garantindo respostas rápidas e eficazes diante de uma substância de alta toxicidade.
O texto destaca que o metanol pode causar graves efeitos no organismo humano. A ingestão acidental ou intencional, especialmente por meio de bebidas adulteradas, é uma das principais causas de intoxicações fatais, podendo provocar desde sintomas leves até cegueira e morte.
Os sinais clínicos da intoxicação por metanol podem surgir algumas horas após a exposição, geralmente entre 6 e 30 horas. Os sintomas iniciais incluem náusea, vômito, dor abdominal, tontura e cefaleia intensa, podendo evoluir para confusão mental, alterações visuais, respiração acelerada e, nos casos mais graves, coma e insuficiência respiratória. A secretaria orienta que o reconhecimento precoce desses sinais é fundamental para o sucesso do tratamento e para a redução do risco de sequelas permanentes.
O texto também fornece orientações laboratoriais, ressaltando a importância da coleta imediata de amostras de sangue e urina para análise. Exames como gasometria arterial, avaliação da função renal e dos eletrólitos, além de dosagens séricas específicas de metanol e formiato, são recomendados para confirmar a intoxicação e orientar o tratamento. Segundo a pasta, o diagnóstico deve ser considerado prioritariamente clínico, e o início da terapia não deve aguardar o resultado dos exames.
A conduta terapêutica detalhada no material inclui medidas de suporte básico e avançado de vida, correção da acidose metabólica com bicarbonato de sódio, administração de antídotos e, nos casos mais graves, hemodiálise para remover o metanol e seus metabólitos do sangue.
Entre os antídotos descritos estão o etanol, administrado por via intravenosa, e o fomepizol, considerado o tratamento de escolha quando disponível. O documento traz instruções específicas sobre as dosagens e vias de administração, reforçando que o acompanhamento intensivo é indispensável para os pacientes intoxicados.
Notificação dos casos
Além das orientações clínicas, a SES-PE reforça a importância da notificação imediata dos casos suspeitos ou confirmados ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Pernambuco (Cievs-PE). A notificação é considerada uma etapa essencial para o monitoramento epidemiológico, permitindo a investigação das possíveis fontes de exposição e a adoção de medidas preventivas pela vigilância sanitária.
O documento também orienta os serviços de saúde a manterem atenção redobrada para a identificação de possíveis surtos relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas de origem duvidosa, especialmente em períodos de festas e eventos com grande circulação de pessoas. A secretaria recomenda, ainda, ações educativas junto à população sobre os riscos do consumo de produtos clandestinos e a importância de procurar atendimento médico imediato diante de sintomas suspeitos.
No encerramento, a SES-PE reforça que o enfrentamento da intoxicação por metanol exige integração entre as áreas de urgência e emergência, vigilância epidemiológica e sanitária, laboratórios de referência e profissionais de saúde da atenção primária.
Recife cria comitê para investigar e prevenir casos
A capital pernambucana passou a contar com um Comitê Técnico para Resposta às Intoxicações por Metanol formado por representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-PE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), médicos especialistas em toxicologia, oftalmologia, neurologia e epidemiologia, além dos diversos setores da Sesau.
O comitê fica responsável por ações como:
Propor, coordenar e acompanhar estratégias de prevenção, detecção e resposta rápida a casos, óbitos e surtos de intoxicação por metanol;
Assessorar tecnicamente na elaboração de protocolos e fluxos assistenciais; e articular ações intersetoriais entre órgãos de saúde, instituições de ensino e demais parceiros estratégicos;
Recomendar medidas de comunicação de risco e orientação à população, avaliar, periodicamente, a situação epidemiológica e propor ajustes às políticas públicas de enfrentamento.
O Recife já tem sete notificações de intoxicação por metanol, mas nenhuma morte. Desde o início do monitoramento, 53 estabelecimentos (entre bares, restaurantes, casas de festa e distribuidoras).
A população pode denunciar casos suspeitos ou estabelecimentos com indícios de irregularidades. Acessando o Conecta Recife (site ou app), o usuário pode clicar no ícone de destaque da plataforma, onde está escrito "Faça aqui sua denúncia".

