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DISCUSSÃO

Entregadora é ameaçada e tem moto quebrada em briga de trânsito em escola particular no Recife: "me senti muito humilhada"

Caso aconteceu na manhã desta quinta (18), em uma escola particular no Centro do Recife. Uma entregadora foi vítima de ameaça e tentativa de agressão física por conta de uma discussão de trânsito. Tudo foi filmado

Nicole Gomes

Publicado: 18/09/2025 às 14:26

Entregadora é ameaçada e tem moto quebrada em briga de trânsito em escola particular no Recife/Reprodução de Vídeo

Entregadora é ameaçada e tem moto quebrada em briga de trânsito em escola particular no Recife (Reprodução de Vídeo)

Uma entregadora denuncia ter sido vítima de ameaças e tentativas de agressão por parte de um casal durante uma discussão de trânsito dentro das dependências de uma escola particular do Recife. O caso aconteceu nesta quarta (17). Na ocasião, a trabalhadora ainda teve a motocicleta quebrada, como mostram vídeos enviados para o Diario de Pernambuco.

O Diario conversou Izabel, de 23 anos. Ela é entregadora de uma loja de açaí e estava realizando uma entrega quando tudo aconteceu. Segundo ela, o casal se irritou pelo estacionamento da moto.

“Eu cheguei ao colégio para fazer uma entrega de um açaí. Eu botei a minha moto no lugar indicado pelo segurança da própria escola. Eu estava na recepção fazendo a entrega e escutei muitas buzinas, até então eu não sabia que as buzinas eram para tirar moto. Quando eu terminei, fui até a minha moto para ir embora, e a mulher já estava muito alterada e dizendo: ‘Tire essa merda dessa moto agora daqui (sic). Você não estava ouvindo, não?’ Eu falei que ouvi e não sabia que era para mim, que botei a moto porque o rapaz pediu que eu botasse”, relembra.

Início da confusão

Izabel contou que, ao tentar resolver a situação e ir embora, foi impedida pelo casal, que colocou o carro muito perto da moto.

“Falei que iria tirar minha moto e estava montando para tirar. Quando eu montei, o esposo dela, tentou me atropelar com o carro. Acredito que ele não ia fazer, mas foi uma forma de amedrontar. Ele chegou muito próximo à minha moto, faltou realmente um fino para ele bater na minha moto. Eu podia ter ido embora e a situação não precisava chegar esse ponto. Aí eu desci da moto, me coloquei na frente do carro dele, peguei meu celular e gravei”, diz.

Após isso, o casal desceu do carro e partiu para cima de Izabel, ela revela.

“Tinha bastante gente no estacionamento, professores, alunos, tinha gente filmando. Ele saiu do carro, botou o dedo na minha cara, para tentar me amedrontar novamente, falando para eu tirar a porcaria da moto, porque se eu não tirasse eu ia ver o que ele ia fazer. Em momento nenhum falou o que vai fazer, mas ele usou essas palavras. E ela (a mulher) também vem para cima de mim, tentando me agredir”.

Quando a situação ficou violenta, Izabel conta que seguranças do colégio tentaram intervir.

“Chegaram três seguranças do colégio e ficaram segurando eles, tentando conter eles. E outro segurança me colocou para dentro da escola. Durante todo o tempo, os dois ficaram tentando invadir a escola para dar em mim. E como eles não conseguiram entrar na escola para me bater, ficaram tentando derrubar a moto. Ele mesmo assim, lá fora, estava sendo contido para não derrubar a moto, como tem no vídeo. Mas aí quando aparece uma brecha, ele foi lá, deu um chute na moto, um pontapé e a moto caiu”, descreve.

Para Izabel o sentimento foi de frustração e humilhação.

“Foi uma situação muito frustrante para mim, eu me senti muito humilhada, porque não havia necessidade alguma daquilo chegar ao ponto que chegou. Me senti muito envergonhada pelo fato de ter professores, alunos, outros pais olhando aquela situação sem entender e eu ali no meio daquilo tudo. Faltou pouquíssimo, pouquíssimo mesmo para eu ser realmente agredida pelos dois. Foram os dois tentando me agredir a todo momento”, relata

Diante do prejuízo material na moto, a entregadora disse que não está conseguindo trabalhar.

“Ele quebrou algumas peças da minha moto, e é a minha ferramenta de trabalho. Perdi um dia de trabalho ontem, até porque estava na minha segunda entrega do dia. Perdi o dia todo de ontem, perdi o dia de hoje. Não sei o horário que eu vou ter como ajeitar as peças da moto amanhã, não sei se eu vou perder mais um dia, mas até então já perdi dois dias de trabalho por causa deles”, ela desabafa.

O casal envolvido e Izabel foram conduzidos à delegacia. Após prestar depoimento, todos foram liberados. A entregadora afirma que o casal se recusou a fazer qualquer tipo de acordo.

“Tivemos que ser levados todos para a delegacia, até porque eles não quiseram acordo nenhum. Eles realmente estavam muito alterados. Os dois queriam me bater, principalmente a mulher. Quando os policiais ‘laranjinhas’ chegaram, o homem falou para mim: ‘Agora eu não posso te bater mais, mas ela vai resolver contigo’, e a mulher dele ficou ainda tentando me bater”, relata.

Vídeo

Imagens recebidas pelo Diario mostram o momentos após o início da confusão, quando homem do casal se empurra, com outro rapaz de camisa azul. Tudo aconteceu no local de desembarque dos alunos, perto da moto de Izabel. A entregadora já havia sido levada para dentro da recepção.

“Esse carro verde arrumou alguma confusão com a entregadora do aplicativo. Eles estão tentando derrubar, virar a moto dela. Ela entrou ali na escola porque eles estavam tentando bater nela. Vê que confusão”, diz a pessoa que gravou o vídeo.

Seguidamente uma mulher, de camisa bege, esposa do homem vestido de preto, aparece e fica ao lado dele. Conforme os ânimos se exaltam, três funcionários da escola tentam contê-los. Mesmo assim, o homem consegue chutar a moto da entregadora, que caiu no chão.

O que diz a escola

O Diario de Pernambuco entrou em contato com o Colégio Salesiano do Recife. Em nota, a instituição informou que o caso não passou de uma “discussão verbal” fora do expediente de aulas, e que não houve agressão física entre os envolvidos. Confira na íntegra:

A Direção do Colégio Salesiano Sagrado Coração, em atenção à comunidade escolar e à sociedade em geral, vem a público esclarecer o ocorrido em 17 de setembro de 2025:


1. O desentendimento registrado se tratou de uma discussão verbal no trânsito interno do estacionamento da escola, não tendo havido qualquer agressão física entre os envolvidos, tampouco violência grave;
2. Ressalte-se que a situação não envolveu, em momento algum, o corpo discente nem a equipe pedagógica da instituição;
3. O fato se deu após o término do expediente escolar, já fora do horário regular de aulas;
4. A equipe de segurança da escola, agindo prontamente, acionou a força policial, que compareceu de imediato ao local, retirando os envolvidos do estacionamento e, conforme noticiado, conduzindo-os à Delegacia de Polícia Civil para as providências cabíveis;
5. Importa destacar que os alunos que ainda se encontravam nas dependências da escola permaneceram em total segurança no interior do prédio da instituição, distantes do ocorrido no estacionamento.

A Direção reafirma seu compromisso inabalável com a integridade e o bem-estar de seus estudantes, colaboradores e famílias, mantendo sempre rígidos protocolos de segurança e proteção no ambiente escolar.


O que diz a Polícia

Procurada pelo Diario, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) informou, por meio de nota que registrou o caso por meio da Central de Plantões da Capital, como uma ocorrência de ameaça, dano/depredação.

Segundo a corporação, as investigações seguem até o total esclarecimento do fato.

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