Professor assassinado deixou legado de cultura e educação em São Vicente Férrer
Legado do professor Kleber Camelo, assassinado em São Vicente Férrer, segue vivo por meio de projetos culturais e educativos
Publicado: 27/07/2025 às 17:45

Professor Kleber Camelo, assassinado em São Vicente Férrer (Foto: Reprodução/Instagram)
Um ser humano extraordinário, cuja trajetória deixou marcas profundas na cultura, na educação e, principalmente, no coração das pessoas. É assim que o educador Kleber Camelo, assassinado a facadas na noite deste sábado (26), no município de São Vicente Férrer, Agreste de Pernambuco, é lembrado pelo Comitê de Cultura do estado, onde atuava na articulação de ações na Zona da Mata e Agreste, mobilizando artistas, coletivos e instituições.
Respeitado e amado por alunos e colegas, Kleber lecionava História na rede estadual e contribuiu ativamente para a valorização da cultura regional. À frente da Secretaria de Cultura de São Vicente Férrer, promoveu diversas ações, entre elas a inauguração de um monumento em homenagem à Marinês, a rainha do xaxado, filha ilustre do município.
O vínculo com a artista, aliás, seguia presente em seus projetos mais recentes. Ao lado de Ezter Liu e Mery Lemos, Kleber coordenava a produção do curta-metragem Marinês: O Estopim da Bomba e, em sua última postagem nas redes sociais, compartilhou uma matéria sobre a cantora publicada na revista Sesc São Paulo. “Orgulho e felicidade ver o nome da minha terra anônima aparecer e correr mundo”, escreveu.
Em fase final de produção, o curta presta homenagem à trajetória da artista por meio de depoimentos de mulheres que marcaram a música nordestina, como Anastácia, Terezinha do Acordeon e Cristina Amaral.
Kleber ainda coordenou a Oficina de Artesanato em Fibra de Bananeira com a Associação Fioerenda, em São Vicente Férrer, formando 15 mulheres cadastradas no Número de Identificação Social (NIS) para geração de renda por meio da arte. Em seguida, iniciou a Oficina de Formação Audiovisual Cinemartesania com 20 estudantes do Ensino Médio da EREM Coronel João Francisco, onde atuava como produtor e orientador na criação de roteiros.
A valorização das tradições culturais nordestinas também estava presente no calendário afetivo do professor. Para ele, a virada do ano era marcada pela Sambada da Alvorada, em Nazaré da Mata, berço do Maracatu Rural da região.A edição de 2019, em especial, ficou lembrada para Kleber como uma celebração antológica, quase um prenúncio dos anos de silêncio que a pandemia traria. “Peço licença, eu estou pisando em terra de reis”, escreveu.

