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JUSTIÇA

Feminicídio: em sessão com brigas e ameaças, homem é condenado a mais de 29 anos de prisão

Jorge Bezerra da Silva foi condenado pelo assassinato da ex-companheira, morta asfixiada e por golpes de faca em 2022, no Recife

Adelmo Lucena

Publicado: 25/07/2025 às 20:44

Priscilla Monnick Laurindo da Silva, de 28 anos, foi asfixiada e esfaqueada/Foto: Reprodução/Redes Sociais

Priscilla Monnick Laurindo da Silva, de 28 anos, foi asfixiada e esfaqueada (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A Justiça de Pernambuco condenou, nesta sexta-feira (25), Jorge Bezerra da Silva a 29 anos e 8 meses de prisão em regime fechado pelo assassinato da ex-companheira, a cabeleireira Priscilla Monnick Laurindo da Silva, de 28 anos. O crime ocorreu em janeiro de 2022, na residência onde o casal morava, no bairro do Zumbi, Zona Oeste do Recife.

O julgamento foi realizado no Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio, área central da capital. Durante a sessão do júri popular, o réu teve comportamento agressivo e precisou ser retirado do plenário após ameaçar o promotor do caso e a irmã da vítima, Vitória da Silva Souza, que também era testemunha de acusação.

Logo quando chegou no fórum, Jorge se posicionou de costas para o juiz Abner Apolinário, com o objetivo de ficar de frente com uma das irmãs da vítima. No entanto, o magistrado ordenou que o réu ficasse na posição correta. Na ocasião, Jorge ameaçou o promotor e a ex-cunhada e acabou sendo retirado da sessão.

De acordo com o Ministério Público, o réu confessou ter matado Priscilla com golpes de faca no pescoço e, em seguida, a asfixiou. Ele não aceitava o fim da relação. O crime foi presenciado pela filha do casal, que na época tinha apenas 10 meses de idade.

Em sua decisão, o juiz Abner Apolinário da Silva, que presidiu o júri, destacou a gravidade da conduta do réu.

"Entende este magistrado que quem ama não mata. Quem ama cuida, protege e é provedor do lar. Que o varonilismo, sinônimo de machismo, é sentimento sórdido que os irracionais não têm. Entende, ainda, que o feminicídio é 'cultura' que dilacera direitos, reduz a mulher a um nada humano, coisificando-a como troféu abominável do machismo", apontou o magistrado.

O juiz também destacou que o acusado já respondia a outro processo por tentativa de feminicídio contra a mesma vítima, o que agravou sua pena. O magistrado classificou o crime como um reflexo da cultura machista que reduz mulheres à condição de objetos.

Entenda o caso

Segundo familiares, o relacionamento entre Jorge e Priscilla era marcado por agressões e ameaças. A jovem decidiu encerrar o relacionamento após descobrir uma traição, mas continuou sendo perseguida pelo ex-companheiro. No dia anterior ao crime, foi chamada por ele para dormir em sua casa, sob ameaça.

Ela só compareceu à residência por medo. Foi levada até lá pelo pai do agressor, que a buscou junto a dois policiais. Ao chegar, familiares encontraram uma viatura do Instituto de Medicina Legal (IML). Priscilla havia sido assassinada dentro da residência. A filha do casal presenciou toda a cena.

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