Delegado vira réu por atirar em ambulante em Fernando de Noronha
O delegado responde por ter atirado contra o ambulante Emmanuel Apory durante uma festa em Fernando de Noronha
Publicado: 25/06/2025 às 20:55

Delegado Luiz Alberto Braga tornou-se réu após Justiça acatar denúncia do MPPE (Foto: Divulgação/PCPE)
O delegado Luiz Alberto Braga, que atirou no ambulante Emmanuel Apory durante uma festa em Fernando de Noronha, tornou-se réu após a Justiça de Pernambuco aceitar a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O policial é réu por tentativa de homicídio duplamente qualificado e omissão de socorro.
A juíza Fernanda Moura de Carvalho, da Vara Única do Arquipélago de Fernando de Noronha, acolheu, na sexta-feira (20), a denúncia por tentativa de homicídio qualificado, com os agravantes de motivo fútil (ciúmes), uso de recurso que dificultou a defesa da vítima (superioridade de armas) e omissão de socorro. Ela afirmou que o delegado “deslocou-se até um local frequentado por ilhéus e turistas, com evento artístico, o Forte local, portando arma de fogo e em viatura oficial, e lá os fatos aconteceram”.
A magistrada destacou que “estas circunstâncias, e condição pessoal, mormente a de agente público a quem compete zelar pela paz e segurança pública, faz sobejar, neste momento, a necessidade de imposição de medida cautelar, especificamente, as elencadas pela parte autora".
Ela também determinou que o delegado fosse afastado do cargo público e tivesse as armas recolhidas, além de suspender seus direitos políticos. A medida é considerada necessária para garantir a continuidade da investigação e evitar qualquer interferência do acusado no processo.
A defesa de Luiz Alberto alegou legítima defesa sucessiva, tese que será analisada somente após a instrução criminal.
Entenda o crime
O crime aconteceu no dia 5 de maio durante uma festa em Fernando de Noronha, quando Emmanuel teria se afastado para ir ao banheiro e foi abordado por Luiz Alberto. O delegado, que estava acompanhado de uma mulher, afirmou que o ambulante estava a assediando.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que Emmanuel foi abordado pelo delegado. Segundo a denúncia, Luiz Alberto, o ambulante, apontou o dedo em seu rosto e o agrediu fisicamente antes de efetuar o disparo.
Logo depois, ele fugiu do local em uma viatura da Polícia Civil, sem prestar socorro. Os agentes de polícia que estavam presentes no evento afirmaram que só souberam que o autor do disparo era o delegado após chegarem à delegacia
Emmanuel Apory ficou internado no Hospital da Restauração (HR), no Recife, e teve a perna direita amputada.
Em sua versão apresentada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Luiz Alberto alegou que Emmanuel teria olhado insistentemente para Thamires durante o evento, além de exibir sua rede social para terceiros. O delegado afirma ter tentado conversar com Emmanuel sobre o suposto assédio, mas não houve relato de qualquer tentativa de condução formal ou abordagem policial dentro dos padrões estabelecidos.
As investigações descartaram a versão de assédio, importunação ou qualquer outro comportamento inadequado por parte da vítima.

