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Delegado que baleou ambulante em Noronha cita Thiago Galhardo para rebater acusação de ciúme

O delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz responde por tentativa de homicídio após balear o ambulante Emmanuel Pedro Gonçalves Apory, de 26, durante festa em Fernando de Noronha

Felipe Resk

Publicado: 18/06/2025 às 13:58

Atacante Thiago Galhardo é citado por defesa de delegado/Reprodução

Atacante Thiago Galhardo é citado por defesa de delegado (Reprodução)

Acusado de tentar matar um ambulante por ciúmes durante uma festa em Fernando de Noronha, o delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz, de 37 anos, apresentou à Justiça uma análise das câmeras de segurança que mostra que o atacante Thiago Galhardo, do Santa Cruz, teria abordado sua namorada durante o mesmo evento, realizado em 5 de maio.

Na petição, apresentada na terça-feira (17), a defesa tenta afastar a tese de que o delegado teria agido por ciúmes ao atirar no ambulante Emmanuel Pedro Gonçalves Apory, de 26, durante a festa. Por causa dos ferimentos, a vítima precisou amputar a perna.

Luiz Alberto foi denunciado pelo Ministério Público (MPPE), por tentativa de homicídio qualificado e omissão de socorro. Para rebater a acusação, a defesa nega que o delegado tenha comportamento agressivo e atribui à vítima suposta prática de stalking.

 

“Às 23h46’26”, o jogador de futebol de classe mundial, Thiago Galhardo, estava presente ao evento e em algum momento brinca ou tenta interagir com Thamires Cavalcanti [namorada do delegado]. O fato é assistido pelo Delegado Luiz Alberto que não faz absolutamente nada, nenhuma reação de ciúmes”, registra a defesa, na peça.

“O jogador, ao perceber que ela estava acompanhada, de forma educada e extremamente respeitosa se desculpa com Luiz Alberto, o qual aperta a mão de Thiago Galhardo. O delegado inclusive elogia o desempenho do jogador, atualmente atacante do Santa Cruz Futebol Clube, time pernambucano.”

Tiro

A defesa alega que o ambulante estaria perseguindo Thamires durante a festa. Em depoimento, a mulher declarou ter ficado “altamente constrangida e pedindo para ir embora”. Por volta da 0h50, o delegado decide abordar Emmanuel na área dos banheiros.

“No momento da abordagem, o Delegado Luiz Alberto indica claramente que está armado e aponta com a arma para um local, indicando para onde queria que Emmanuel fosse”, relata a defesa. As imagens mostram que o ambulante não reagiu.

A vítima é empurrada pelo delegado em seguida. Para a defesa, a ação tinha o objetivo de “manter Emmanuel em desconforto” e “ao mesmo tempo demonstrar que detém o controle da situação”.

“No entanto, mesmo sabendo que estava sendo abordado por um Delegado de Polícia, pois assim se identificou Luiz Alberto, assim como por sua perseguição desde a academia, Emmanuel então, num rompante de extrema agressividade, dá um soco no rosto de Luiz Alberto e não para por aí”, relata a defesa.

“De acordo com o que se pode ver no vídeo, Luiz Alberto se defende com uma mão e, com a outra, atira uma única vez, direcionando o disparo à região da perna/tíbia do agressor (a ação revela moderação do meio disponível - local com baixa importância vital e apto a ser atingido como forma de neutralizar os ataques)”, conclui.

O MPPE discordou de que a ação do delegado foi legítima e ofereceu denúncia no domingo (15). “A versão de assédio, provocação, abuso e importunação que teria sido praticada pela vítima, trazida pelo casal, não se sustenta confrontada com todas as declarações, fotos e filmagens que integram o Inquérito Policial”, diz a promotoria.

No documento, o MPPE também solicitou o afastamento do cargo do delegado, o recolhimento de suas armas de fogo e a suspensão dos seus direitos políticos. Os pedidos ainda não foram apreciados pelo TJPE.

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