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LESÃO CORPORAL

Cuidadora acusada de matar menino em Paulista tinha histórico de agressão a filho e neto

A cuidadora Mônica Vilar da Silva, de 53 anos, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta segunda-feira (16)

Jorge Cosme

Publicado: 16/06/2025 às 18:08

Viatura da Polícia Civil de Pernambuco/Reprodução/PCPE

Viatura da Polícia Civil de Pernambuco (Reprodução/PCPE)

A cuidadora Mônica Vilar da Silva, de 53 anos, acusada de lesão corporal seguida de morte do menino Saymon Otavio Siqueira de Oliveira, de 2 anos, tinha histórico de agressão contra o filho e o neto, segundo relato de testemunha.

A Justiça converteu a prisão em flagrante de Mônica em preventiva na tarde desta segunda-feira (16). Ela nega que tenha agredido Saymon.

Em interrogatório à polícia, o filho de Mônica, que era padrasto de Saymon, disse que ela passou a cuidar do enteado há um mês. Nesse período, a criança começou a apresentar alguns ferimentos e hematomas pelo corpo.

O menino também sofreu uma fratura no braço quando estava apenas com a cuidadora. Na ocasião, ela alegou que o menino caiu enquanto corria.

Histórico de agressões

O filho declarou ainda que já apanhou bastante da mãe quando era criança, tendo o Conselho Tutelar sido acionado em uma das vezes.

"O interrogado não acreditou que ela iria machucá-lo (Saymon), apesar de já ter visto Mônica agredir fisicamente o neto, que é autista", diz trecho do interrogatório.

Mônica, em depoimento à polícia, admitiu que batia no filho, "pois ele dava bastante trabalho". Ela teria parado com as agressões após o filho ameaçar sair de casa. Sobre o neto, a mulher também afirmou que "às vezes dá um corretivo nele", batendo nas pernas.

Já com relação a Saymon, entretanto, a acusada disse gostar muito dele e que "seria incapaz de agredí-lo". Ela argumentou que os hematomas no menino ocorreram quando um tanque de plástico caiu sobre ele durante o banho.

Depoimento da mãe

A mãe de Saymon afirmou que estava trabalhando na sexta-feira (13) quando seu tio chegou ao local informando que o menino estava passando mal. Ela levou o filho a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde foi informada posteriormente que ele havia falecido.

Segundo a genitora, os familiares já haviam alertado sobre o comportamento estranho de Saymon quando via Mônica. O garoto entrava em desespero ao ver a cuidadora, segundo a mãe. Apesar de já ter 2 anos, o menino não falava.

"Que já tinha notado hematomas na bochecha e na canela do filho Saymon, e, ao indagar sobre isso a Mônica, ela disse que não sabia o que tinha acontecido", diz trecho do depoimento. À polícia, ela afirmou ter certeza de que as lesões que resultaram na morte do filho foram causadas pela cuidadora.

Prisão

Ao pedir a prisão preventiva de Mônica, a delegada Euricélia Nogueira informou que Saymon foi encaminhado para a UPA de Jardim Paulista sob alegação de engasgo, vindo a óbito. No Instituto de Medicina Legal (IML), porém, foram identificadas lesões na região dorsal da criança, compatíveis com ações contundentes, como socos, que teriam provocado hemorragia interna.

"Relatos colhidos nos autos, inclusive de familiares e vizinhos, são convergentes ao afirmarem que a criança apresentava comportamento anormal e demonstrava extremo temor na presença da investigada", acrescenta a delegada.

"A conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva é medida que se impõe diante da extrema gravidade do fato, da brutalidade das lesões identificadas, da idade da vítima e da relação de proximidade da investigada com a criança", argumentou. A mulher foi presa em flagrante pelo crime de lesão corporal contra criança, qualificado pela morte, em contexto de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 14.344/2022 (Lei Henry Borel).

Encaminhada para audiência de custódia, Mônica disse à juíza que recebeu um tapa da delegada. A magistrada solicitou que a Corregedoria apure a alegação de violência policial.

"O crime [contra Saymon] é extremamente grave e os relatos dos autos apontam para a prática contumaz de violência por parte da autuada", disse a juíza ao determinar a prisão preventiva. "Além disso, sua liberdade poderia influenciar negativamente no ânimo das testemunhas, dificultando a correta apuração do crime". Mônica será encaminhada à Colônia Penal Feminina do Recife.

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