Inclusão nas creches do Recife avança com investimentos e novas tecnologias
Creches contam com profissionais especializados em lidar com crianças neuroatípicas
Publicado: 31/05/2025 às 10:00

Profissionais especializados estimulam desenvolvimento adequado das crianças (Foto: Sandy James/DP Foto)
Nos últimos quatro anos, a política de inclusão nas creches e escolas da rede municipal de ensino do Recife tem fortalecido o atendimento a crianças com deficiência e transtornos do desenvolvimento. Em 2021, eram cerca de 340 professores atuando no Atendimento Educacional Especializado (AEE). Hoje, esse número praticamente dobrou, chegando a aproximadamente 700 agentes. A Secretaria de Educação projeta, ainda, a contratação de mais 400 profissionais para fortalecer ainda mais esse atendimento.
Um dos pilares é o Atendimento Educacional Especializado, oferecido no contraturno escolar por meio de professores especializados, que atuam diretamente com os estudantes, desenvolvendo atividades adaptadas às necessidades específicas de cada criança. Esses profissionais realizam um trabalho personalizado, considerando tanto o tipo de deficiência quanto os transtornos que cada aluno apresenta.
Atualmente, Recife conta com mais de 260 unidades escolares equipadas com salas de recursos multifuncionais. Esses espaços são projetados para o desenvolvimento das atividades do AEE, oferecendo um ambiente adequado para a aprendizagem de alunos com deficiência.
“A gente orienta as mães e fala o que observa nas salas, cada comportamento é dito a elas. Muitos pais acham que porque o filho é muito pequeno ele ainda pode desenvolver alguma habilidade, mas isso às vezes é uma negação. Quando há uma parceria com a família o retorno é maior. A gente faz o processo de anamnese (processo de coletar informações sobre o histórico de saúde de um paciente), conversa com os pais e eles assinam um termo de que eu posso pegar o aluno para fazer o atendimento”, detalha Cristiane Freitas, professora de AEE na Creche Municipal Padre Lourenço, na Imbiribeira, Zona Sul da capital.
A tecnologia tem sido uma aliada fundamental na promoção da inclusão. A entrega de tablets para os alunos que apresentam algum tipo de deficiência ou transtorno é uma das principais iniciativas. Esse recurso é disponibilizado no início do ano letivo, funcionando como uma ferramenta complementar no processo de aprendizagem, permitindo que os estudantes tenham acesso a materiais adaptados e atividades interativas.
Esse conjunto de ações tem gerado impactos não apenas no cotidiano das unidades de ensino, mas também na imagem da rede municipal do Recife. As escolas se tornaram referência e passaram a ser cada vez mais procuradas por famílias que buscam uma educação inclusiva, de qualidade e comprometida com o desenvolvimento de todas as crianças.
A pedagoga Tatiana Basílio atua atendendo 16 crianças neuroatípicas na Creche Municipal Alcides Tedesco Restelli, e conta que o que parece ser uma simples brincadeira na sala de Atendimento Educacional Especializado na verdade estimula diversas áreas de envolvimento das crianças.
“Eu faço recursos pedagógicos que vão auxiliar no processo de alfabetização dos meninos e eles vão aprender de uma forma mais lúdica. Na sala AEE vai ver tudo o que eles aprendem na sala de aula, só que de uma forma lúdica, de uma forma que chame a atenção deles através de jogos”, detalha.
“As crianças vêm duas vezes por semana e são atendidas por uma hora de atendimento. Cada uma tem um Plano Educacional Individualizado (PEI). Então, para cada criança eu tenho um planejamento e eu vou seguindo de acordo com o que a criança vai aprimorando, seja na parte motora, na fala, concentração, raciocínio lógico e matemático”, complementa Tatiana.

