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SISTEMA PENAL

Carta atribuída a presos de Itaquitinga diz que diretor ameaça dar "tiro de 12" na cadeia

Na carta, detentos de Itaquitinga estariam cobrando alimentação adequada e alertam para possível "abalo dentro da unidade"; diretor dos policiais penais diz que os presos querem regalias

Diario de Pernambuco

Publicado: 22/05/2025 às 13:16

Penitenciária de Itaquitinga, na Mata Norte./Foto: Divulgação

Penitenciária de Itaquitinga, na Mata Norte. (Foto: Divulgação)

Uma carta atribuída a presos da Penitenciária Itaquitinga (PIT) 2, em Itaquitinga, Mata Norte de Pernambuco, afirma que o diretor da unidade tem feito ameaças de atirar nos detentos. Segundo o texto, se a situação não for resolvida, os detentos também estariam prontos para revidar.

A carta, escrita em papel de caderno, tem data do último domingo (18), dia de visita, e circula em grupos e páginas relacionadas a familiares de presos. No documento, eles fazem um apelo a movimentos de direitos humanos.

A Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (Seap) foi procurada, na quarta-feira (21), mas não respondeu até a publicação da reportagem.

"O diretor Douglas está tocando o terror aqui dentro conosco, nos oprimindo e ameaçando disparar tiro de 12 e nos transferir para fora do estado só por estarmos pedindo uma alimentação adequada e outras coisas mais", diz o conteúdo da carta. O texto faz menção ao diretor da PIT II, Douglas Bezerra da Silva.

“Se as autoridades competentes não tomar suas medidas cabiveis vamos tomar nossa atitude (sic)”, registra o texto. O comunicado pede ainda que familiares dos presos “fiquem atentos”, “se reúnam” e “façam protesto”. “Se nada se resolver vai acontecer um abalo dentro e na frente da unidade”.

“Exigindo regalias”

O representante da Federação Nacional da Polícia Penal e diretor político do Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco (Sinpolpen-PE), João Carvalho, disse desconhecer o documento, mas afirmou que as pessoas privadas de liberdade da PIT II estariam “exigindo regalias”.

"Lá funciona um regime diferenciado. Os presos mais perigosos estão nessa unidade. Então, não tem regalias", diz. "Não tem cantina, portanto eles comem a comida da unidade. As celas não têm tomada, eles não têm televisão. Eles querem a facilidade que existe em outras unidades".

Carvalho disse desconhecer a informação de que o diretor da penitenciária estaria ameaçando atirar nos detentos. "Não acredito, pois lá é monitorado por câmeras", resume. "Ele [Douglas] não abre mão de lá não ter regalias", acrescenta.

O diretor do sindicato disse ainda que não acredita em uma rebelião na unidade, como a carta parece sugerir. "Os policiais vão atuar para que isso não aconteça. Eles podem fazer algum protesto, mas temos efetivo para controlar".

Audiência pública

Na última segunda-feira (19), uma audiência pública da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular, da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), tratou de violações de direitos humanos em unidades prisionais e socioeducativas no estado.

Uma das pessoas ouvidas foi Marcela Betânia, esposa de um preso do PIT II. "O diretor chamou o meu esposo dizendo que eu estava num protesto e, se ele não dissesse o meu nome, iria botar ele no isolamento, e que estava grampeando o telefone da gente, das esposas", declarou.

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