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IGARASSU

Vídeos revelam fábrica de drogas, festas e fardos de dinheiro mantidos por detentos do Presídio de Igarassu

O material foi divulgado pela Polícia Federal durante a Operação La Catedral

Publicado em: 08/04/2025 19:52 | Atualizado em: 08/04/2025 20:34

Detentos realizavam festas dentro do presídio e registavam com celulares (Foto: Divulgação/PF)
Detentos realizavam festas dentro do presídio e registavam com celulares (Foto: Divulgação/PF)
Vídeos enviados à Polícia Federal revelam a rotina de crimes e regalias dentro do Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. As imagens, obtidas durante a Operação La Catedral, expõem o funcionamento de um verdadeiro centro de operações criminosas dentro da unidade prisional, incluindo a produção de drogas, festas com bebidas alcoólicas e objetos de luxo em celas.

Um dos vídeos divulgados pelas autoridades mostra o que um dos investigadores classifica como “fábrica de drogas” funcionando em plena atividade dentro do presídio. As imagens mostram panelas no fogão, vasilhas cheias de substâncias semelhantes ao crack e utensílios usados na preparação da droga. 

A Polícia Federal destacou que os entorpecentes eram produzidos dentro do complexo e enviados para abastecer o tráfico em diversos pontos de Pernambuco. O responsável seria o detento Lyferson Barbosa da Silva, que comandava o esquema de dentro da unidade.

Outra gravação mostra os detentos consumindo gin, whisky, energéticos e cerveja em clima de confraternização. Tudo foi registrado com naturalidade, como se fosse permitido.

As imagens também expõem fardos de cigarros, grande quantidade de dinheiro em espécie e produtos típicos de comércio clandestino dentro da prisão. Em uma das celas, foram encontrados itens de luxo, como uma TV de 80 polegadas, evidenciando o nível de regalias e controle que alguns presos possuíam.

De acordo com a investigação, o próprio Lyferson mantinha três “apartamentos” dentro da unidade e, após ser transferido para o Presídio de Itaquitinga, chegou a enviar uma carta a familiares pedindo que vendessem os imóveis por valores entre R$ 60 mil e R$ 80 mil. As cenas reforçam o que a Polícia Federal definiu como um “resort do crime”, operando com a conivência de agentes públicos. 

Durante a operação, o ex-gestor André Albuquerque, afastado da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap-PE), em dezembro de 2024, foi preso. Ele é acusado de integrar um esquema de propinas, troca de favores, festas e manipulação de documentos para reduzir penas de detentos.

As imagens foram fundamentais para confirmar as denúncias e aprofundar as investigações sobre a estrutura criminosa instalada dentro da unidade prisional. As apurações ainda apontam que policiais penais teriam recebido vantagens indevidas para facilitar a entrada de objetos proibidos e manipular informações em sistemas internos, beneficiando diretamente alguns detentos.

A operação também resultou na prisão do ex-diretor do presídio, Charles Belarmino de Queiroz Silva, apontado como um dos principais articuladores do esquema de corrupção.

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