![Detentos realizavam festas dentro do presídio e registavam com celulares (Foto: Divulgação/PF) Detentos realizavam festas dentro do presídio e registavam com celulares (Foto: Divulgação/PF)]() |
Detentos realizavam festas dentro do presídio e registavam com celulares (Foto: Divulgação/PF) |
Vídeos enviados à Polícia Federal revelam a rotina de crimes e regalias dentro do Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. As imagens, obtidas durante a Operação La Catedral, expõem o funcionamento de um verdadeiro centro de operações criminosas dentro da unidade prisional, incluindo a produção de drogas, festas com bebidas alcoólicas e objetos de luxo em celas.
Um dos vídeos divulgados pelas autoridades mostra o que um dos investigadores classifica como “fábrica de drogas” funcionando em plena atividade dentro do presídio. As imagens mostram panelas no fogão, vasilhas cheias de substâncias semelhantes ao crack e utensílios usados na preparação da droga.
A Polícia Federal destacou que os entorpecentes eram produzidos dentro do complexo e enviados para abastecer o tráfico em diversos pontos de Pernambuco. O responsável seria o detento Lyferson Barbosa da Silva, que comandava o esquema de dentro da unidade.
Outra gravação mostra os detentos consumindo gin, whisky, energéticos e cerveja em clima de confraternização. Tudo foi registrado com naturalidade, como se fosse permitido.
As imagens também expõem fardos de cigarros, grande quantidade de dinheiro em espécie e produtos típicos de comércio clandestino dentro da prisão. Em uma das celas, foram encontrados itens de luxo, como uma TV de 80 polegadas, evidenciando o nível de regalias e controle que alguns presos possuíam.
De acordo com a investigação, o próprio Lyferson mantinha três “apartamentos” dentro da unidade e, após ser transferido para o Presídio de Itaquitinga, chegou a enviar uma carta a familiares pedindo que vendessem os imóveis por valores entre R$ 60 mil e R$ 80 mil. As cenas reforçam o que a Polícia Federal definiu como um “resort do crime”, operando com a conivência de agentes públicos.
Durante a operação, o ex-gestor André Albuquerque, afastado da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap-PE), em dezembro de 2024, foi preso. Ele é acusado de integrar um esquema de propinas, troca de favores, festas e manipulação de documentos para reduzir penas de detentos.
As imagens foram fundamentais para confirmar as denúncias e aprofundar as investigações sobre a estrutura criminosa instalada dentro da unidade prisional. As apurações ainda apontam que policiais penais teriam recebido vantagens indevidas para facilitar a entrada de objetos proibidos e manipular informações em sistemas internos, beneficiando diretamente alguns detentos.
A operação também resultou na prisão do ex-diretor do presídio, Charles Belarmino de Queiroz Silva, apontado como um dos principais articuladores do esquema de corrupção.