Personificação foi uma das marcas do Supremo
Especialista aponta que visibilidade se concentra nos ministros que lideraram pautas públicas como o julgamento, neste ano, dos crimes contra a democracia
Publicado: 28/12/2025 às 22:00
Ministro Alexandre de Moraes (Rosinei Coutinho/STF)
A personificação do poder judiciário também foi uma marca do ano. Um exemplo é a exposição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com o julgamento da tentativa de golpe de estado que durou praticamente todo o ano e resultou na condenação de 29 dos 31 acusados pelos crimes contra a democracia, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o cientista político Hely Ferreira, a visibilidade concentra-se em figuras específicas que lideram a pauta pública. "Os principais protagonistas do STF são, hoje, o ministro Alexandre de Moraes, principalmente por conta do que ele relatou (na ação da trama golpista); em segundo lugar, Gilmar Mendes e, em terceiro, Flávio Dino", elenca o especialista.
Essa exposição individualizada traz riscos à instituição, segundo o cientista político. "Acontece que essa visibilidade, às vezes no campo do judiciário, torna prejudicial para aquilo que se entende da imparcialidade de quem julga no momento em que, particularmente, se expõe com certa frequência", avalia Ferreira.
Na avaliação do especialista, a expectativa é de que a tensão entre a necessidade de agir e o risco de exceder limites continue a ditar o ritmo em Brasília no próximo ano. "O que se pode esperar, ou pelo menos o que se torce (que aconteça), é que o Judiciário, especificamente o STF, faça cumprir a Constituição. É esse o papel da Corte, ela é guardiã da Constituição. (No entanto,) Nós não podemos esperar um judiciário que fique de braços cruzados, esperando quando o Legislativo deve responder aquilo que a população está desejosa", finaliza.
Balanço de 2025
Durante a sessão de encerramento do Ano Judiciário de 2025, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson?Fachin, informou que o?STF produziu 116.170 decisões – 93.559 monocráticas (individuais) e 22.611 colegiadas.?Em relação?a 2024,? houve?um aumento de 5,5% no número de decisões?colegiadas.
Ao longo do ano, o?Plenário realizou?74?sessões presenciais, além de? 45?sessões plenárias virtuais?ordinárias e 15 extraordinárias. Foram julgados? 6.177? processos, 61?deles no sistema presencial.?Responsável pelo julgamento da trama golpista, a Primeira Turma realizou?38 ?sessões ordinárias presenciais (21 ordinárias e 17 extraordinárias), bem como 47?sessões virtuais,?com ?8.206 ?processos julgados, sendo?26?no sistema presencial.
Na Segunda Turma, foram realizadas? 14?sessões ordinárias presenciais e ?44?sessões virtuais, nas quais foram julgados? 8.158?processos, sendo?18? no sistema presencial.?
*Com informações do STF