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Política
PROTESTO

Manifestantes se reúnem no centro do Recife contra redução da pena de Bolsonaro

PL da Dosimetria permite progressão de regime com 16% da pena cumprida; ex-presidente poderia deixar regime fechado em pouco mais de dois anos.

Allan Lopes

Publicado: 14/12/2025 às 18:31

No Recife, manifestantes ocuparam Rua da Aurora/Foto: Rafael Vieira/DP Foto

No Recife, manifestantes ocuparam Rua da Aurora (Foto: Rafael Vieira/DP Foto)

Recife somou-se à onda de protestos que ocorreram em diversas cidades do país neste domingo contra a aprovação do Projeto de Lei da Dosimetria, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Na capital pernambucana, manifestantes ocuparam a Rua da Aurora, no centro da cidade, em frente ao Ginásio Pernambucano.

Iniciado às 14h, o protesto ocupou uma extensão cada vez maior ao longo da tarde. Carros de som e cartazes erguidos com palavras de ordem como "Sem Anistia", "Congresso não nos representa" e "Congresso inimigo do povo" davam a tônica política do ato contra a iniciativa aprovada pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira. Pela proposta, um condenado pode progredir de regime ao cumprir apenas 16% da pena. Caso a lei seja sancionada, calcula-se que Bolsonaro deixaria o regime fechado em 2 anos e 4 meses.

Em meio aos manifestantes, figuras políticas marcavam presença. Marília Arraes (Solidariedade), pré-candidata ao Senado Federal, defende que é "crucial dar exemplo para o futuro". Segundo Marília, as eleições de 2026 carregam um peso histórico semelhante ao da Assembleia Constituinte de 1988. "Os três poderes precisam estar em harmonia para o Brasil funcionar como deve", diz.

O deputado federal Túlio Gadelha (Rede) demonstrou preocupação diante da possibilidade de um alinhamento entre os líderes do Congresso, o senador Davi Alcolumbre e o deputado Hugo Motta, a favor do PL da Dosimetria. "Isso é muito perigoso", alerta. Por outro, Túlio confia na mobilização das ruas para evitar o andamento do projeto. "Primeiramente, vamos lutar para que não seja pautado, porque isso não é prioridade para o Brasil", argumenta.

A massa era predominantemente vermelha, mas o amarelo da camisa da Seleção Brasileira, cor reivindicada pelo bolsonarismo nos últimos anos, ainda aparecia aqui e ali. Era o caso do analista de segurança da informação Anderson Luís, de 43 anos, que busca reescrever a simbologia. “Disseminou-se a noção equivocada de que vestir amarelo é um sinal de apoio ao bolsonarismo. Precisamos desfazer esse mal-entendido e resgatar esse símbolo para todos os brasileiros”, afirma.

A família Barreto transformou o protesto de domingo em um programa familiar. O professor universitário Antônio, 63, e a musicoterapeuta Cláudia, 60, levaram o filho Gabriel, de 30 anos, que tem paralisia cerebral, para participar do ato. “Entendemos que a participação dele é importante dentro do movimento social”, explica o pai, que tem expectativas em medidas concretas. “A esperança é que o movimento prossiga e que o resultado seja positivo. Para isso estamos aqui, e esperamos que venha mais gente para fortalecer ainda mais a causa”.

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