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SUPREMO

Advogado admite que Bolsonaro pretendia adotar 'medidas de exceção'

Questionamento de Cármen Lúcia leva advogado de ex-ministro da Defesa a admitir que Bolsonaro buscava usar medidas de exceção

Estado de Minas

Publicado: 03/09/2025 às 17:44

Ministra Cármen Lúcia/Divulgação/STF

Ministra Cármen Lúcia (Divulgação/STF)

No segundo dia do julgamento do núcleo central da tentativa de golpe de Estado, no Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia protagonizou um dos momentos mais tensos da sessão. Ao final da sustentação oral do advogado Andrew Fernandes Farias, defensor do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, a magistrada interrompeu para fazer um apontamento direto.

O advogado havia dito que o general atuou para “demover o então presidente Jair Bolsonaro”. Cármen Lúcia não deixou passar:

"Vossa Senhoria disse que o réu, neste caso, o cliente de Vossa Senhoria, estava atuando para demover o presidente da República. Demover de quê? Porque até agora todo mundo disse que ninguém pensou nada", questionou.

A resposta surpreendeu e abriu uma admissão inédita no julgamento: "Demover de adotar qualquer medida de exceção, atuou ativamente e é a prova dos autos", respondeu o advogado.

 

Na sustentação, Farias citou o depoimento do brigadeiro Baptista Junior, testemunha de acusação, para reforçar que Nogueira teria alertado Bolsonaro sobre a impossibilidade de reverter o resultado das eleições de 2022. Argumentou ainda que o então ministro da Defesa atuou contra qualquer iniciativa de ruptura institucional.

O defensor tentou afastar a acusação de que Nogueira integrava uma organização criminosa, afirmando que sua participação em discussões sobre o sistema eleitoral foi mal-interpretada. Mas, ao admitir que o presidente buscava “medida de exceção”, a defesa acabou revelando pela primeira vez no plenário do STF aquilo que até então era negado: a intenção de Bolsonaro de levar adiante um plano de ruptura.

O episódio se soma a outras intervenções da ministra Cármen Lúcia ao longo do julgamento. No primeiro dia do julgamento, em embate com a defesa do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, ela fez questão de reafirmar que “o processo eleitoral é amplamente auditável”, rebatendo tentativas de confundir a opinião pública ao tratar “voto auditável” como sinônimo de “voto impresso”.


Confira as informações no Estado de Minas.

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