Defesa nega tese de coação a Mauro Cid pela PF ou por Alexandre de Moraes
Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid integra o chamado "núcleo 1" da trama golpista e fechou acordo de delação premiada com o STF
Publicado: 02/09/2025 às 15:48

O advogado de Mauro Cid Jair Alves Pereira (Foto: Gustavo Moreno/STF)
A defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirma que o tenente-coronel não foi coagido pela Polícia Federal ou pelo ministro Alexandre de Moraes durante a delação premiada. Cid, Bolsonaro e outros cinco ex-auxiliares são réus por tentativa de golpe de Estado.
Eles formam o chamado "núcleo 1" da trama golpista, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsável pela articulação de um plano destinado a reverter o resultado das eleições de 2022 e manter o então chefe do Executivo no poder.
De acordo com Jair Alves Pereira, um dos advogados de Cid, a suposta coação pela PF seria sustentada por uma reportagem. “Na época, a matéria tinha os seguintes dizeres: ‘eles tinham a tese investigativa, e eu [Cid] tinha a minha versão. Muitas vezes a minha versão contradizia os argumentos que eles tinham no inquérito. [...] Eles estavam investigando e eu estava trazendo a minha versão dos fatos, que era outra”, afirmou. “Isso não é coação. Cid está reclamando da posição do delegado. Isso é direito”.
O advogado disse, ainda, que não pode concordar com o relatório ou com o indiciamento do delegado, assim como “não posso dizer que ele coagiu meu cliente ou que cometeu uma ilegalidade”.
Quem são os réus
Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência)
Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Augusto Heleno (general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
Jair Bolsonaro (ex-presidente da República)
Mauro Cid (tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)
Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa)
Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa)
Crimes atribuídos ao núcleo
Eles são apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como responsáveis pela articulação de um plano golpista destinado a reverter o resultado das eleições de 2022 e manter o então chefe do Executivo no poder.
Em caso de condenação, as penas podem passar de 30 anos de prisão.
Para a PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa voltada a desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques às instituições e articular medidas de exceção.
Ele, assim como seus aliados, é acusado de liderar ou integrar organização criminosa armada; atentar violentamente contra o Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado por violência e grave ameaça; e deterioração de patrimônio tombado da União.
O julgamento tem seções marcadas também para os dias 3, 9, 10 e 12 de setembro.

