Comissão da Alepe tem discussão entre deputados e ameaça de processo
Parlamentares divergiram quanto a convocação de secretários estaduais para tirar dúvidas sobre o empréstimo de R$ 1.5 bilhão
Publicado: 03/06/2025 às 17:08

Coronel Alberto Feitosa (PL) é o presidente da CCLJ da Alepe (Roberta Guimarães/Alepe)
A reunião ordinária da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) foi palco de briga entre parlamentares nesta terça-feira (3), com direito a troca de acusações e ameaças de processo. Os ânimos esquentaram quando governistas e oposicionistas discutiam a convocação de secretários para tirar dúvidas sobre o pedido de empréstimo de R$ 1.5 bilhão.
A audiência com os secretários estaduais de Planejamento, Fabrício Marques Santos, e da Fazenda, Wilson José de Paula, para tratar da operação de crédito foi proposta pela deputada Débora Almeida (PSDB). O presidente da Comissão, Coronel Alberto Feitosa (PL), disse que uma reunião seria marcada quando o Palácio respondesse aos pedidos de informação.
Membros da bancada de oposição defenderam o posicionamento de Feitosa, justificando que seria essencial que a Casa tivesse acesso aos dados reais para evitar que o Governo do Estado “construa narrativas” com informações que “não condizem com a realidade”.
De acordo com o deputado Waldemar Borges (PSB), isso aconteceu na audiência pública com o secretário da Casa Civil, Túlio Vilaça. “Ele chegou aqui e, como não tínhamos os dados, disse várias coisas que depois fomos checar e não foi como ele disse”, afirmou.
O deputado estadual João Paulo (PT) saiu em defesa de Débora Almeida, apontando que a condução do pedido de empréstimo tem sido política, oposição que ele só teria visto “na época de Miguel Arraes”. Joãozinho Tenório (PRD) também criticou a oposição por não aceitar as explicações oferecidas pela gestão estadual.
Ex-presidente da CCLJ, Antônio Moraes (PP) afirmou que a Casa não teria cumprido o prazo de 45 dias para votar o empréstimo, como previsto no regimento, e rebateu o argumento da oposição de que o Governo teria perdido prazo das operações de crédito anteriores.
“Eu já vi muita coisa na vida, mas o que estou vendo aqui hoje é impressionante. Podíamos rasgar o regimento, porque aqui agora é no autoritarismo. Quem manda é o presidente”, disparou Moraes.
Feitosa rebateu, acusando-o de arquivar mais de mil projetos “sem respeitar nenhum prazo” quando presidia a comissão. “Vossa excelência devia colocar a mão na consciência”, disse, aumentando o tom.
Moraes ameaçou levar a acusação à Justiça, e justificou que teria “segurado algumas isenções fiscais”. “Vossa excelência quer quebrar Pernambuco”, respondeu. Ele, novamente, acusou Feitosa de autoritarismo.
O atual presidente da CCLJ defendeu que o regimento estava sendo cumprido, e que os governistas estavam trancando a pauta com a estratégia de esvaziar o plenário para não votar projetos.
Débora Almeida disse que a oposição está querendo “sangrar o Governo” ao não pautar o empréstimo. Mesmo após a discussão, a comissão não definiu uma data para a audiência.

