ARTE

Exposição de artista pernambucano provoca reflexões sobre a dualidade humana

Publicado em: 07/11/2022 16:11 | Atualizado em: 07/11/2022 17:40

 (Crédito: Romulo Chico/DP)
Crédito: Romulo Chico/DP
A dualidade entre o caos e a tranquilidade da mente humana é a abordagem do artista plástico Antônio Mendes na exposição ‘Entre dissonâncias e silêncios’, com curadoria de Bete Gouveia. São 27 pinturas em acrílico inspiradas em reflexões do artista durante a pandemia e suas consequências, como também a filosofia yin-yang que Antonio carrega consigo para além das obras. A mostra pode ser conferida gratuitamente a partir desta terça-feira (7), na Arte Plural Galeria (Rua da Moeda, 140), e segue até 7 de janeiro de 2023. A Galeria está aberta ao público de segunda a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados de 14h às 18h. 

Não faltaram referências teóricas e técnicas para serem aplicadas. Entusiasta de aspectos do zen, budismo e taoísmo, o artista pernambucano buscou replicar o jogo da dualidade nas obras - ou seja, o dia e a noite, bem e o mal, o nascimento e a morte. Conceitos subjetivos no contexto geral, mas individuais nas análises de cada um. Antonio deixa a interpretação complementar das pinturas em aberto, embora tenha a sua visão como autor. 

“Esses quadros são o Antonio, minha necessidade de comunicar alguma coisa, nem que seja só pra mim. Como o outro vai perceber é um complemento, como se fosse a extensão da obra, mas já não é a minha, e sim a do outro”, apontou. O artista, no entanto, ressalta as sensações traduzidas nas obras, com destaque para a filosofia yin-yang - princípio do taoísmo sobre forças antagônicas - disposta nas duas etapas da mostra: uma mais agitada, outra calma. “Uma parte dessa mostra fala desse grito, agitação, até pedido de socorro. Quando você visitar o restante, verá que tem outra harmonia, mais calma, uma paleta mais assentada. Algo que pode inspirar uma tranquilidade, diferentemente desses quadros mais frenéticos”, disse.

No que diz respeito às técnicas da pintura, as influências surgem desde os Países Baixos, com Vincent Van Gogh, ou na França, por meio de Paul Cézanne, e vêm até Pernambuco, com Abelardo da Hora, José Cláudio, João Câmara e Francisco Brennand. Porém, a arte de pintar é apenas um meio para Antonio Mendes manifestar seus questionamentos existenciais incessantes - provocados pela formação profissional na área da Psicologia.
 
“Dedico 10% do meu tempo de produção para psicologia, então atendo alguns poucos clientes. Antes de qualquer coisa, essa busca pela psicologia retrata a minha própria inquietação. Vejo uma necessidade minha de buscar uma ciência que se propõe a estudar como a mente humana se manifesta - e obviamente está aqui (na exibição)”, afirmou.
Psicológo, Antonio Mendes expressa os pensamentos através da pintura (Crédito: Romulo Chico/DP)
Psicológo, Antonio Mendes expressa os pensamentos através da pintura (Crédito: Romulo Chico/DP)
 
Dentre as 27 pinturas, uma obra se destaca em intensidade e agitação para o artista. ‘Estruturas Desestruturadas’, integrada no contexto “caótico” da primeira fase da exposição e, segundo Antonio, é a representação mais fiel do que havia por dentro de si na pandemia. Vale destacar, no entanto, que se trata de um trabalho subjetivo e, não necessariamente, ter uma visão definitiva. 

'Estruturas Desestruturadas' expressa mais esse ruído e dissonância. O hinduísmo, particularmente, trabalha muito com dois conceitos opostos. Em uma leitura mais ocidental e dualista, simplesmente são antagônicos. O zen traz muito isso: quando os dois se complementam se perde o sentido. Na sua mente pode ter um encontro que eles se sobrepõem à dualidade, então é uma estrutura que é desestruturada. É uma estrutura ou é desestruturada? É como se fosse noite e dia, um conceito impossível, mas pra um encontro particular tente ver, ou tente não ver”, explicou.

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