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Fotógrafo pernambucano integra exposição comemorativa dos 75 anos da ONU

Publicado em: 27/10/2020 14:28 | Atualizado em: 27/10/2020 14:38

A fotografia foi feita por Rennan Peixe na Mata Dois Irmãos, Zona Oeste do Recife (Foto: Rennan Peixe/Divulgação)
A fotografia foi feita por Rennan Peixe na Mata Dois Irmãos, Zona Oeste do Recife (Foto: Rennan Peixe/Divulgação)


"Quero um mundo onde o amanhã não seja temido, um mundo onde os descendentes da África possam viver em paz", essa é a frase que acompanha a obra do fotógrafo pernambucano Rennan Peixe, um dos dois brasileiros integrantes da exposição virtual #TheWorldWeWant ("O Mundo que Queremos"), em comemoração aos 75 anos da Organização das Nações Unidas (ONU), celebrados no último sábado.

O evento é anual e costuma ser realizado de forma presencial, mas devido à pandemia ganhou formato digital, através desta página. Os artistas gravaram vídeos, onde relatam o processo criativo e a inspiração para as obras. Foram 75 fotografias escolhidas entre 50 mil inscritas do mundo inteiro.

O sorriso das cinco mulheres registradas por Rennan na Mata Dois Irmãos, perto da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), guarda uma força simbólica. “É fruto de um ensaio que fiz para o grupo de dança Ará Agontimé e dialoga com os demais trabalhos que realizo. Tenho o intuito de trazer um novo olhar para os corpos negros, representando-os dentro de uma perspectiva valorativa, diferente das imagens estigmatizadas no imaginário social”, diz o artista.

“Pessoas negras são retratadas com frequência em situações de pobreza, desigualdade ou de forma pejorativa relativa a religiões de matrizes africanas. É como uma caricatura, então precisamos tirar esses corpos da condição de inferioridade.” Para Rennan, ser selecionado para a mostra representa um divisor de águas na carreira. “É um momento ímpar projetar meu trabalho em exposição internacional. É uma porta que se abre não só para mim, mas para todas as pessoas negras, para ajudar que elas venham a ocupar mais espaços como esses. Se hoje estou aqui não é só por mim, é porque outros profissionais vieram antes e abriram o caminho.”

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação


A fotografia atravessou ainfância de Rennan, da câmera sem filme até as fotos de família dispostas nas caixas de sapato de sua mãe. Foi aos 22 anos que ele ganhou o primeiro equipamento profissional, um presente da mãe. “Eu venho de uma condição social que é difícil de conseguir um equipamento. Minha mãe tirou dinheiro de onde não tinha, dividindo em 24 vezes. Ela acreditou que eu poderia tirar o sustento através da fotografia”, lembra Rennan, que trabalha com fotografia há quase dez anos.

Além de fotógrafo, se tornou artista, título que relutou em aceitar. "Passei por um processo até me entender como artista sendo um homem negro. A gente cresce sabendo que quem é artista está nas galerias, realizando exposições de arte em grandes museus… E também sabemos que os corpos negros tradiocionamelnte não ocupam esses espaços. Então foi preciso de muito apoio, de gente que acreditava em mim, no meu trabalho, para entender que eu posso ser um artista sim e não necessariamente divulgar o meu trabalho nesses locais", reflete.

EXPOSIÇÃO
A exposição #TheWorldWeWant é uma resposta criativa ao apelo do Secretário-Geral para ouvir diretamente os povos do mundo sobre suas esperanças e sonhos para o futuro. De acordo com a instituição, as fotos escolhidas expressam uma variedade de perspectivas, a resiliência da humanidade e a esperança de um futuro melhor, além de uma aspiração profunda por igualdade, justiça e inclusão e uma sensação de admiração pela beleza da natureza e seu poder de sustentar toda a vida. As 75 imagens juntas formam um manifesto visual que ilustra um impulso coletivo em prol da união internacional. A exposição é endossada pelo Gabinete do Conselheiro Especial do Secretário-Geral para a Comemoração do 75º Aniversário das Nações Unidas.
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