Cidadania

Uma nova vida para refugiados venezuelanos

Publicado em: 24/05/2019 08:00 | Atualizado em: 24/05/2019 09:14

O curso de desenho digital teve duração de dois meses e a formatura ocorreu na noite de ontem no Porto Digital.
Foto: Divulgação. (O curso de desenho digital teve duração de dois meses e a formatura ocorreu na noite de ontem no Porto Digital.
Foto: Divulgação.)
O curso de desenho digital teve duração de dois meses e a formatura ocorreu na noite de ontem no Porto Digital. Foto: Divulgação. (O curso de desenho digital teve duração de dois meses e a formatura ocorreu na noite de ontem no Porto Digital. Foto: Divulgação.)

Há cinco meses no Recife, o venezuelano Franklin Rivas, 30 anos, repete a história recente de muitos compatriotas. Chegou a um novo local de moradia, fugindo de uma crise que se abala sobre o próprio país, com mulher e dois filhos. Ainda sem trabalho, ele entrou nas aulas de desenho digital e criação de produtos para descobrir como inovar na área que atua e, assim, aumentar a chances de conseguir um novo emprego em solo brasileiro. Na noite de ontem, apresentou junto aos outros colegas o produto final do curso, durante a formatura do grupo.

Oferecido em parceria pelo Instituto Humanitas da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a Cáritas Brasileira e o Porto Digital, o curso teve duração de dois meses. Participaram cinco venezuelanos refugiados na capital pernambucana e artistas plásticos da Comunidade do Bode, localizada no bairro do Pina. “Nós fornecemos o espaço físico e alguns serviços para ajudar na empregabilidade dessas pessoas. O curso foi um deles, dado por um professor voluntário, dentro de um laboratório da universidade”, afirmou o colaborador do Instituto Humanitas João Elton de Jesus.

As aulas tiveram duração de dois meses e meio. Os alunos aprenderam a mexer no software AutoCAD e depois produziram um caderno em MDF, que está sendo prototipado utilizando as ferramentas disponíveis no Porto Digital. “Queríamos apurar o olhar deles em relação à tecnologia, para que eles pudessem saber mais do Recife como uma capital tecnológica. Assim, eles podem conseguir uma fonte de renda”, acrescentou o educador social do Programa Panas de assistência humanitária David Ramirez.

A princípio, foram produzidos seis cadernos em MDF. Depois da finalização do curso, pretende-se escalar a produção dos cadernos, para serem comercializados em alguns espaços como as feiras que acontecem dentro da Unicap. Entre os venezuelanos que participaram do curso estão dos adolescentes, de 14 e 12 anos, uma mulher de 43 e dois homens. Dentre eles, Franklin, que desembarcou no Recife junto com um grupo de 102 venezuelanos. “Participar do curso foi uma experiência única. Cheguei aqui quase sem nada e essa é uma oportunidade relacionada ao meu campo de trabalho. Conseguimos entender o conteúdo, desenhar e tivermos a experiência no Porto Digital”, explica Franklin.

Morando no Recife com a esposa e dois filhos, de 5 e 3 anos, o venezuelano pretende estabelecer residência na cidade. “Minha esposa está fazendo diárias. Não temos um trabalho fixo. Então, essa é uma ponte que começa a se abrir para trabalhar de maneria mais profissional. Por mais que eu trabalhe com o digital, posso começar a oferecer um catálogo físico para meus clientes, de maneira original, com esse caderno”, disse Franklin, que expõe os trabalhos que realiza como fotógrafo e designer no instagram @frf_estudio.

REFUGIADOS
A Cáritas Brasileira recebe no Recife, desde o fim de 2018, grupos de venezuelanos refugiados no Brasil. Eles são acolhidos e encaminhados para casas alugadas no centro da cidade, além de receberem suporte para encontrar emprego e poderem firmar residência em Pernambuco. O último grupo a chegar, em maio de 2019, era composto por 14 venezuelanos.
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