Laudo Defesa Civil fará vistoria detalhada em imóvel que desabou em Gaibu Três pessoas morreram e uma está internada. De acordo com Corpo de Bombeiros, vítimas estavam sentadas em sorveteria no momento do acidente

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 06/08/2017 11:14 Atualizado em: 06/08/2017 19:00

A marquise da pousada onde aconteceu o desabamento que deixou três pessoas mortas e outras três feridas, na praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, era utilizada como varanda pelo estabelecimento. Uma vistoria realizada, na manhã deste domingo (6), por técnicos da Defesa Civil do município, confirmou o uso. Uma nova análise da estrutura será feita às 9h desta segunda-feira (7), com apoio das secretarias de Infraestrutura e Planejamento da cidade, para emissão do laudo final. A área onde aconteceu o acidente permanece interditada. Dos três sobreviventes, dois seguem internados, mas sem risco de morte.

Durante as primeiras análises, foi averiguado que a estrutura da marquise estava irregular. "Em uma primeira vistoria, realizada logo após o acidente, identificamos que as dimensões da marquise eram inapropriadas e também havia infiltrações. Apesar disso, a estrutura do prédio, aparentemente, não está condenada. Uma nova vistoria será realizada para avaliá-la", afirmou a coordenadora da Defesa Civil do Cabo de Santo Agostinho, Ana Sandra Souza Leão.

A principal hipótese para justificar o acidente é a de que a estrutura não aguentou o peso das pessoas, já que não era sustentada por ferro, como o necessário para funcionar como varanda. A marquise deveria ter, no máximo, 40 centímetros de largura, mas tinha um metro, explicou Sandra Souza Leão. Neste segunda-feira deverão ser demolidas parte da estrutura da marquise do andar onde aconteceu o desabamento e também a varanda do piso superior, cujo comprometimento já foi atestado pela Defesa Civil. "Tem uma área que provavelmente terá que ser demolida, mas apenas a vistoria dos técnicos confirmará a abrangência", disse.

 

Ainda não há informações oficiais sobre o alvará de funcionamento e a liberação do Corpo de Bombeiros para o estabelecimento. A pousada funciona na Avenida Laura Cavalcante, há 25 anos, em um imóvel de três pisos. O dono ainda não se apresentou aos órgãos municipais, para mostrar a documentação. No térreo, funcionava um depósito de bebidas e uma sorveteria, que também permanecem fechadas. Um inquérito policial também foi aberto, para averiguar a responsabilidade do proprietário.

Acidente

O desabamento da marquise aconteceu na tarde do último sábado, 25. O Corpo de Bombeiros afirmou que foi acionado por volta das 16h30 para a ocorrência e chegou a enviar quatro viaturas para o local. Segundo informações dos Bombeiros, as três vítimas fatais (José Vicente da Silva, 47 anos, Alisson Barbosa de Souza, 22 anos, e Gilberto Balbino Neto, 12 anos) estavam em uma sorveteria que funcionava no térreo do prédio. Quem também estava no local foi Jackson Mariano da Silva, de idade não revelada. A vítima foi levada para o Hospital da Restauração, onde passou por uma cirurgia no abdômen e se encontra na sala de recuperação.

Outras duas vítimas, Sandra Maria de Oliveira, 52 anos, e José Ribeiro de Oliveira, 70 anos, estavam em cima da marquise, sentados, e desabaram junto com o equipamento. Eles foram socorridos para um hospital particular no bairro do Espinheiro, no Recife. José teve apenas escoriações e foi liberado, depois de atendimento. Já Sandra teve uma fratura em uma das costelas e precisou realizar uma drenagem. Ela segue em observação.

Comoção

Na manhã deste domingo (6), as famílias das vítimas do acidente aguardavam no Instituto de Medicina Legal (IML) a liberação dos corpos. No local, o clima era de muita comoção. "Meu irmão tinha acabado de sair de um trabalho. Parou para tomar um sorvete. Uma pessoa muito querida, que sonhava em ser músico", contou o irmão de José Vicente, Antonio Vicente da Silva. Os familiares contaram que José Vicente trabalhava como auxiliar de serviços gerais no Conservatório Pernambucano de Música e, nos fins de semana, realizava trabalhos extras. "Ele tinha ido a Gaibu para trabalhar. Deixou a esposa e dois filhos desolados", lamentou o irmão. O enterro será no cemitério de Nazaré da Mata, onde a família morava, às 9h desta segunda-feira.

A mãe de  Alisson Barbosa de Souza, Maria Helena Barbosa, também aguardava no IML a liberação para velar o filho. "Ele sempre foi um bom filho, um bom amigo. Uma pessoa muito conhecida naquela região porque vendia água e gás. Com apenas 22 anos, tinha muitos sonhos. Falava muito em ser pai. Tinha muitos planos que agora não poderão acontecer. Espero que a justiça seja feita e que o local seja avaliado para que não haja mais nenhuma vítima", disse. O enterro foi na tarde deste domingo, no cemitério do Cabo de Santo Agostinho.

Os familiares do menor Gilberto Balbino Neto não quiseram dar entrevista.O enterro da criança também será no cemitério do Cabo de Santo Agostinho.



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