Despedida Criança de dois anos morta em tiroteio é enterrada sob comoção Sepultamento de Sthefanny Vitória da Silva reuniu cerca de duzentos moradores do Ibura e contou com manifesto contra a violência na região

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/08/2017 15:40 Atualizado em:

Cerca de duzentas pessoas saíram em cortejo na manhã deste sábado (5) para prestar as últimas homenagens à menina Sthefanny Vitória da Silva, de dois anos, vítima de uma bala perdida durante tiroteio entre policiais e traficantes nesta sexta-feira (4), na UR-10, Ibura. Familiares, amigos e vizinhos andaram cerca de 3 km, num trajeto que durou uma hora, vestidos com camisas com a foto da criança. No percurso, ocuparam uma das faixas da BR-101, no sentido Recife-Jaboatão dos Guararapes, em protesto contra o ocorrido, enquanto se dirigiam ao Cemitério Parque da Paz, na Muribeca. O sepultamento se deu por volta das 12h, mesmo horário em que se deu a troca de tiros no dia anterior, em uma cerimônia marcada pela comoção.

Abalados, tios da garota, que preferiram não serem identificados, explicaram que as camisas foram uma forma de homenagear a garota encontrada pela família e expressar a inconformidade com o caso. A menina descansava no colo da tia, uma adolescente de 14 anos, depois de brincar, em frente à casa de uma vizinha quando foi atingida no rosto por uma bala. Sthefanny chegou a ser socorrida para UPA de Lagoa Encantada, mas deu entrada na unidade de saúde já sem vida, informou a assessoria de comunicação da Unidade de Pronto Atendimento.

Revoltados com o ocorrido, moradores do bairro prometem um novo protesto para bloquear a rodovia, na altura do Posto Padre Cícero, às 6h da manhã da próxima segunda-feira (7). Eles cobram esclarecimentos da Polícia Militar sobre a abordagem policial realizada e a postura "ostensiva" na região. Na tarde desta sexta-feira, moradores já haviam realizado um protesto, bloqueando as faixas da rodovia no sentido Recife-Jaboatão dos Guararapes, das 15h às 17h. "É um absurdo uma criança morrer assim, por conta de um trabalho policial mal realizado. Não nos sentimos seguros mais na nossa própria rua. É uma revolta muito grande. Vamos parar a BR até ter um esclarecimento sobre isso", declarou um morador da UR-10 que não quis ser identificado.

O posicionamento oficial sobre a ação policial divulgado pela Secretaria de Defesa Social também foi questionado pelos moradores da região. Sobre o caso, o órgão informou que policiais militares do 19º BPM estavam cumprindo mandado de prisão na UR-10, quando visualizaram "quatro homens em atitude suspeita" e deram ordem de parada. "Dois fugiram e atiraram contra o policiamento, atingindo uma criança de dois anos. Os policiais, imediatamente, levaram a menina para a UPA de Lagoa Encantada, mas ela não resistiu”, respondeu a SDS, sobre a operação que, segundo o relato, culminou com três presos, apreensão de duas armas de fogo, munições, um quilo de maconha prensada em barra e 28 papelotes da droga.

Os vizinhos, no entanto, alegam que a apreensão teria sido forjada e que disparos teriam sido realizados após os suspeitos estarem rendidos. Moisés Cabral da Silva, Felipe Lopes Prado e Edson Souza de Araújo foram presos na operação. À imprensa, a Secretaria de Defesa Social informou que as armas dos policiais também foram apreendidas para realização de exames periciais e que o caso será investigado pelo delegado Francisco Océlio, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).


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