Manifestação começou por volta das 14h. Foto: Laís Leon/Esp. DP

O protesto de cobradores, marcado para a tarde desta segunda-feira, reuniu dezenas de profissionais na Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, região central do Recife, e abriu as portas para uma possível audiência pública a respeito das demissões da categoria pelas empresas de transporte público no estado. Após uma passeata, que começou por volta das 16h, percorreu as mais importantes vias da região central do Recife e terminou em um ato público em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a pauta com as reivindicações foi protocolada no gabinete do deputado Silvio Costa Filho (PRB). Segundo os organizadores do movimento, há uma perspectiva positiva de ampliação do debate na esfera parlamentar. Na ocasião, a categoria adiantou que também vai aderir a greve geral articulada pela Central Única dos Trabalhadores marcada para esta sexta, dia 28 de abril.

Os cobradores questionam as demissões feitas nas empresas de transporte justificadas pela insegurança. Por outro lado, as empresas alegam que os desligamentos foram por justa causa e os trabalhadores das linhas que operam, exclusivamente, através do VEM estão sendo relocados para outras funções. "Eles só estão vendo o lado deles. O metrô também é assaltado diariamente e não tem cobrador. A discussão sobre a segurança é geral. Sobre as demissões, eles não têm como remanejar todo mundo. Eu mesma não tenho habilitação e o meu salário não dá para fazer o curso. Eles vão capacitar a gente? Muita coisa precisa ser discutida", denunciou uma cobradora que preferiu não se identificar.

O ato foi articulado, também, para chamar a atenção da sociedade e exigir medidas de segurança diante do crescente número de assaltos a ônibus em Pernambuco. A causa conquistou os passageiros, que aderiram ao movimento. "Estamos aqui, em primeiro lugar, pela segurança. Segundo, porque os cobradores precisam ser prestigiados. A tecnologia pode vir, mas preservando o trabalho do cidadão", destacou o consultor de negócios Afrânio Barbosa, 58 anos.

Categoria parou a Avenida Conde da Boa Vista. Foto: Laís Leon/Esp. DP

A categoria abraça, atualmente, cerca de nove mil cobradores no estado. Segundo o assistente de comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Genildo Pereira, a luta é para garantir o emprego desses profissionais e assegurar melhores condições também aos usuários. "Nós precisamos do apoio dos deputados de oposição ao governo. Vamos cobrar um posicionamento deles porque a Justiça já deu parecer favorável às demissões. São quase nove mil pessoas, nove mil famílias. Precisamos de investimentos nas polícias e condições de trabalho por essas vidas. Não é tirando cobrador que vão resolver os problemas dos assaltos, exemplo maior disso é o BRT. O transporte público é regido pelo Código de Defesa do Consumidor, o que acontece nos ônibus é de responsabilidade das empresas. Os usuários estão pagando por um produto de péssima qualidade", disparou.

A queixa foi endossada pelo presidente da Associação dos Rodoviários de Pernambuco, Roberto Carlos. "São, pelo menos, 12 assaltos todos os dias nos ônibus da Região Metropolitana. Comparando com o ano passado, as ocorrências aumentaram 90%. A segurança pública está defasada e parece que os bandidos encontraram facilidade para assaltar", denunciou. Para tentar reverter os índices, o representante da categoria sugere uma reavaliação na distribuição dos policiais militares em postos de policiamento fixos. "Os bandidos estão sempre assaltando nos mesmos pontos, são pontos estratégicos. Eles sabem onde os policiais ficam e roubam antes ou depois. Por que não colocar câmeras de monitoramento online, como já temos em alguns pontos das cidades, nas linhas que são alvos de investidas, como as da PE-15, Pelópidas e Xambá? Por que não colocar policiais em outros pontos da cidade também?", indagou.

GREVE GERAL
De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Benilson Custódio, a audiência, que ainda não tem data definida, deverá acontecer na Alepe, mas, nesta sexta-feira, os trabalhadores vão parar. "Nós protocolamos a pauta e encaminhamos essa solicitação. O deputado se comprometeu em nos ajudar. Vamos correr também no Ministério do Trabalho, Delegacia do Trabalho, aonde for. Nós tomamos uma decisão apoiada pelos trabalhadores. No dia 28, essa greve geral vai ter o apoio dos rodoviários. Nós precisamos pressionar e só pressionamos na rua, parando e deixando o estado sem transporte. Não vai ter transporte", adiantou.


Com informações da repórter Laís Leon