Impasse Plantão do Conselho Tutelar agora só em regime domiciliar Conselheiros adotaram o regime em protesto contra os problemas estruturais nas unidades da instituição, principalmente na Boa Vista

Por: Mariana Fabrício - Diario de Pernambuco

Publicado em: 25/07/2016 16:40 Atualizado em: 25/07/2016 17:05

A RPA1 atende os moradores dos bairros da região central do Recife.
Foto: Malu Cavalcanti/Esp. DP.
A RPA1 atende os moradores dos bairros da região central do Recife. Foto: Malu Cavalcanti/Esp. DP.

O plantão central do Conselho Tutelar (CT), que funciona na Rua Gervásio Pires, na Boa Vista, está sendo realizado em regime domiciliar. Os conselheiros decidiram adotar o regime em protesto contra problemas estruturais nas unidades da instituição.  Isso significa que quem procurar o órgão no turno da noite, nos finais de semana ou feriados pode ter o atendimento demorado, já que os conselheiros estarão em atuação emergencial. Algumas das demandas dos plantonistas são melhoria na estrutura do prédio, mais equipamentos de informática e segurança.

A unidade RPA 2, localizada no bairro do Torreão, foi assaltada três vezes recentemente. Por falta de vigilância, a principal reivindicação é o monitoramento eletrônico dos CTs. "A falta de estrutura afeta a todos. Mas como aqui na Boa Vista funciona o plantão, sentimos a falta de ter internet, impressora, um veículo e um telefone para que as pessoas entrem em contato ou a gente possa ligar quando preciso. São coisas básicas que dificultam o atendimento às crianças e adolescentes", reclama o conselheiro tutelar João Luiz, da RPA1, que atende aos bairros do Recife, Santo Amaro, Boa Vista, Cabanga, Ilha do Leite, Paissandu, Santo Antônio, São José, Coelhos, Soledade e Ilha Joana Bezerra.

A dificuldade encontrada pelos plantonistas reflete em quem precisa de atendimento. A vendedora Juliana Nascimento, de 34 anos, há um ano busca vaga para seu filho de três anos em uma creche. Por dificuldade em encontrar lugar disponível, buscou a intercessão do Conselho Tutelar. "Preciso trabalhar e não tenho com quem deixar meu filho. Minha mãe também trabalha, a madrinha dele nem sempre pode e nesse tempo eu falto meu serviço para cuidar dele. Pago meu aluguel e minhas contas sozinha e se eu trabalhar menos, recebo desconto no fim do mês", conta Juliana que conseguiu apenas um relatório do Conselho Tutelar para facilitar o acesso do filho à creche mais próxima.

João Luiz reclama da falta de itens básicos para o trabalho, como telefone, internet e da estrutura predial da RPA 1.
Foto: Malu Cavalcanti/Esp. DP.
João Luiz reclama da falta de itens básicos para o trabalho, como telefone, internet e da estrutura predial da RPA 1. Foto: Malu Cavalcanti/Esp. DP.

Assim como Juliana, mais 500 crianças chegaram com a mesma demanda ao CT. "Além dos casos mais graves, como violência e situação de rua, um dos principais motivos pelo qual as pessoas vêm até nós é a busca por escolas ou creches. Esbarramos em diversos problemas, como imprimir documentos necessários, fazer uma ligação ou prestar um atendimento. Por esse motivo, decidimos, em um pleno geral, pelo regime domiciliar e sobreaviso", conta o conselheiro.

Solução gradativa
Em entrevista ao Diario, o secretário Paulo Moraes, da pasta de Desenvolvimento Social e Direitos humanos, confirmou o recebimento de um ofício com todas as demandas dos conselhos e afirmou que as soluções serão dadas de forma gradativa. "Esse é um serviço fundamental e tratamos com prioridade. As questões estruturais serão resolvidas de forma definitiva quando cada RPA tiver sua sede própria. Por enquanto a maioria dos imóveis são alugados, o que dificulta qualquer mudança ou reparo", explica Moraes. 

Todos os oito Conselhos do Recife são mantidos com verba municipal. Sete deles funcionam em casas alugas pela Prefeitura e a segurança é de responsabilidade da guarda patrimonial. "Sabemos dos casos de assaltos e dia 29 faremos uma reunião para apresentar soluções, mas até o fim dessa gestão daremos soluções emergenciais", afirma.


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL