Arte Adolescente do Janga é selecionado para a escola do Teatro Bolshoi no Brasil Marcos, 16 anos, conquistou uma das vagas mais desejadas por bailarinos do mundo e a partir do próximo ano frequentará, em Santa Catarina, a única unidade do grupo fora da Rússia

Por: Marcionila Teixeira - Diário de Pernambuco

Publicado em: 01/08/2015 07:28 Atualizado em: 01/08/2015 09:32

Aluno do 2º ano do ensino médio de uma escola particular, Marcos, que dança há quatro anos na Academia Nosso Espaço, no Janga, fez a seleção para o balé clássico, mas foi  escolhido para dança contemporânea. Foto: Paulo Paiva/DP/ D.A.Press
Aluno do 2º ano do ensino médio de uma escola particular, Marcos, que dança há quatro anos na Academia Nosso Espaço, no Janga, fez a seleção para o balé clássico, mas foi escolhido para dança contemporânea. Foto: Paulo Paiva/DP/ D.A.Press
 

O corpo de Marcos fala. Acontece sempre quando ele dança. Nessas horas, entrega-se ao universo particular de seus próprios movimentos. Certa vez, a professora explicou para Marcos o motivo de tanta emoção transbordada em cena. O jovem bailarino dança com a alma. Na segunda-feira, Marcos Vinícius Teófilo de Almeida e Silva, 16 anos, conquistou uma das vagas mais desejadas por bailarinos do mundo inteiro. É o único pernambucano selecionado pela Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Santa Catarina, única do grupo fora da Rússia, nos testes realizados na semana passada. Passará dois anos naquele estado aperfeiçoando sua arte. Dos 620 candidatos do país inteiro, ficou entre os 17 selecionados. “Quero ganhar o mundo com minha dança”, conta.


O adolescente, estudante do 2º ano do ensino médio de uma escola particular, deixará o bairro do Janga, em Paulista, onde vive com os pais, uma irmã e um irmão, em fevereiro do ano que vem. Levará uma experiência de quatro anos de dança adquirida na Academia Nosso Espaço, no mesmo bairro. “Fui com a intenção de ganhar uma vaga no balé clássico, mas terminei escolhido para dança contemporânea. Fiquei feliz porque penso que a contemporânea é a libertação do bailarino”, reflete. Com o curso, dobram as chances dele participar de companhias renomadas de dança, inclusive a do Bolshoi, na Rússia.

Na família de Marcos, a irmã mais velha, de 19 anos, foi a inspiração para ele começar a dançar. Agora o adolescente multiplica seus desejos no irmão mais novo, de 9 anos, que também treina no mesmo espaço. Os pais não sabem de onde surgiu esse prazer dos filhos. “Falava para meu marido não se preocupar com essa escolha, pois podia ser coisa de adolescente, poderia passar. Mas cada vez ele foi gostando mais”, lembra a mãe de Marcos, Rosely Teófilo.

Em Santa Catarina, Marcos vai dividir sua rotina entre a prática de quatro horas diárias de dança e os estudos para concluir o ensino médio. Irá morar com outros alunos em uma casa com uma “mãe social”. Hoje, além de treinar cinco horas por dia de segunda-feira a sábado, o estudante prepara coreografias para colégios particulares de Olinda, dá aulas de hip hop na mesma academia onde treina, participa da Companhia Nós em Dança e ainda ministra alongamento.

Marcos embarcou com mais três colegas de dança da mesma academia. Todos tinham o mesmo objetivo. Para viajar, arrecadaram dinheiro em festas e conseguiram apoio de anônimos para as passagens aéreas. “Essa foi a primeira vez que levei alunos para os testes. Deu certo. A seleção é tão exigente que muitas vezes eles não conseguem escolher alunos. Essa foi a primeira vez que selecionaram tantas pessoas”, contou a professora Élide Leal. Do total de escolhidos este ano, 12 seguiram para balé clássico e cinco para a dança contemporânea. As meninas estavam em maior número, contou Marcos Vinícius.



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