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Turismo
Tradição
Restaurante Dom Pedro leva cliente ao Recife dos anos 1960
Há quase 50 anos, a casa mezzo portuguesa, mezzo brasileira serve o mesmíssimo cardápio em uma das mais importantes ruas do centro histórico do Recife. Ainda bem
Por: Guilherme Carréra
Publicado em: 12/06/2015 13:46 Atualizado em: 15/06/2015 13:13
Seu Júlio Crucho comanda a casa desde 1967. Foto: João Velozo/Esp. DP/DA Press |
Quando Júlio Crucho desembarcou em 1957, o Recife era outro. Nascido em Penamacor, um vilarejo próximo a Castelo Branco, no Norte de Portugal, tinha 22 anos e a teimosia de querer vencer na vida. Começou fazendo bicos no Leite, o mais antigo restaurante em atividade no Brasil. À frente do Monte Carlo, Lero Lero e Cacique Lanches, foi somando experiência no ramo. Em 1967, abriu as portas do Restaurante Dom Pedro (F.: (81) 3224-3762). Ao lado dos sócios portugueses João Maria da Silva Matos e Luís Gonçalves, se encantou pela Rua Imperador Pedro II. Essencialmente comercial, não havia restaurantes. Acharam por lá um armazém caindo aos pedaços, resolveram reformá-lo e apostar. O número 376 nunca mais seria o mesmo. "Assim como o imperador, nossa cozinha também é metade portuguesa, metade brasileira", justifica o batismo.
Nas décadas de 1960 e 1970, o bairro de Santo Antônio era biscoito fino. Além de bares e restaurantes, a proliferação de hotéis ajudava a movimentar a região. Também as redações dos jornais ficavam naquele entorno, o que contribuía para o DNA boêmio. "A noite do Recife era aqui". Aos poucos, jornalistas, políticos e advogados se acostumaram a bater ponto em uma das 12 mesas do Dom Pedro. O escritor Mauro Mota, comenta, tinha cadeira cativa. "Chegava e sentava sempre no mesmo lugar". Os atuais gestores do município, Geraldo Julio, e do estado, Paulo Câmara, inclusive, já visitaram o endereço. No dia do velório do ex-governador Eduardo Campos, por exemplo, a maioria dos governadores do Nordeste almoçaram ali. Além de ser próximo ao Palácio do Campo das Princesas, era o único estabelecimento aberto naquele domingo de agosto.
Os 80 lugares servem à clientela fiel do Dom Pedro. Foto: João Velozo/Esp. DP/DA Press |
Aliás, os dias e horários de funcionamento do Dom Pedro são um caso à parte. Esposa de Seu Júlio, Dijaci Crucho se orgulha de só folgar quatro vezes no ano. "Só fechamos no dia 1º de janeiro, na Sexta-feira Santa, no Dia do Trabalhador e no Dia da Independência do Brasil". Em todas as outras datas, abre às 11h da manhã e vai até o último cliente. É de Dona Dijaci também a maioria das receitas. Até há pouco tempo, era ela quem comandava a cozinha. "De vez em quando, ainda vou lá dar uns pitacos". Hoje, são nove funcionários à disposição dos 80 clientes que a casa comporta. "Comecei ainda moleque, tirando folga dos garçons aos sábados", conta Alexandre Paiva, 55 anos, há quase 40 no balcão. "Passei mais tempo da minha vida no Dom Pedro do que na minha própria casa".
O cardápio do casal Crucho é tradicionalíssimo. Ao longo das décadas, os ajustes foram mínimos. "Nos anos 1990, acontecia de precisarmos substituir uns ingredientes por outros por conta da inflação. Depois disso, nada mudou". A entrada clássica é o bolinho de bacalhau, com seis unidades a R$ 15,90. Mas o carro-chefe continua sendo a perna de cabrito assada ao forno. Para uma pessoa, custa R$ 55,80; para duas, R$ 95,60; e para três, R$ 143,70. O filé à Dom Pedro, especialidade da casa, não fica atrás. Com molho à sua escolha, vale R$ 45,10. Massas, omeletes, peixes e crustáceos complementam o menu. Para acompanhar, uma tacinha de vinho português sai a R,50. Há também a opção de meia garrafa por R$ 38,60 e de garrafa por R$ 57,20. A carta traz ainda outros tantos rótulos.
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