ELEIÇÕES 2018

'O projeto do PSB tem de socialista só o 'S'', afirma Dani Portela

A candidata do PSol defendeu mais diálogo para ampliar os investimentos na economia pernambucana

Publicado em: 25/09/2018 07:45

Foto: Paulo Paiva/DP
Durante debate promovido pela Rádio Clube AM e FM e Diario de Pernambuco, a candidata ao governo do estado Dani Portela (PSol) defendeu mais diálogo para ampliar os investimentos na economia pernambucana. A postulante ressaltou que ainda existem desigualdades sociais e, nesse contexto, é preciso “pensar em um modelo de desenvolvimento econômico que promova integração e justiça social”.

A candidata também saiu em defesa de novos modelos para a segurança pública e para a educação do estado, bem como para a área da saúde. Entre outros pontos, a psolista prometeu focar suas ações no campo da prevenção, investindo na saúde básica para que os atendimentos de média e alta complexidade sejam reduzidos. Ainda na saúde, prometeu ampliar o saneamento básico, valorizar os profissionais do setor e investir em um novo modelo de gestão.

A advogada fez críticas ao atual governador Paulo Câmara (PSB) e às alianças feitas pelo palanque da Frente Popular. “É difícil para as pessoas compreenderem esse projeto que o PSB tem, que tem o socialista só no ‘S’. Não pode ser socialista um governo que é encastelado, que persegue lideranças sindicais e não dialoga com a população. Assistimos à insatisfação de ver Humberto (Costa) e Jarbas (Vasconcelos) enrolados numa mesma bandeira, isso deixa todos atônitos com a cara de pau”, destacou, defendendo alianças que sejam pautadas por coerência política e uma reforma no sistema político e partidário que garanta mais igualdade entre as legendas em todo o país. Confira, abaixo, os principais pontos da entrevista:

Saúde
A saúde é um caos e a gente tem falado muito fazendo analogia com a bicicleta, onde a roda traseira é a prevenção e a dianteira é o tratamento. Hoje investe-se pouco em prevenção e muito em tratamento. Num governo do PSol, de esquerda, de uma mulher, temos que dar atenção e investir na atenção básica à saúde, para equilibrar essa conta e diminuir os atendimentos de média e alta complexidade. (…) A questão do saneamento básico não é somente de infraestrutura, mas de saúde preventiva. Você viu o surto de zika vírus em 2016. Meu pai morreu de chikungunya por conta do descaso do governo do estado. E onde morava a maioria das mães que tiveram bebês com microcefalia? Em áreas sem saneamento básico, sem condições mínimas. A mortalidade infantil está voltando, doenças erradicadas também (…) Também é urgente abrir a caixa preta das OS (Organizações Sociais) e entender esse sistema onde o salário dos diretores é muito diferente com a maioria da classe médica. (…) Precisamos pensar numa gestão hospitalar que atenda a todos, numa saúde que seja pública, acabar com essa farra das pessoas precisarem de político, de vereador, para conseguir acesso a uma cirurgia (…).

Segurança Pública
Temos propostas de investir em um modelo de segurança pública. E falar nisso é falar em outro modelo de cárcere, outra política de drogas, porque infelizmente a droga tem sido tratada apenas como questão de polícia, mas é uma questão política também. Pensar em segurança pública é pensar em prevenção, voltar a investir em inteligência. Por isso, temos propostas para investir na inteligência para a resolução de crimes. Para as mulheres, precisamos de delegacias especializadas. Ainda ontem (domingo) estive em uma delegacia da mulher e é triste ver a dupla vitimização: ela é vítima quando sofre violência e também por conta do péssimo atendimento que essas delegacias prestam.

Socioeducativo
Nosso partido tem colocado nacionalmente e defendo isso com muita clareza. Sou completamente contra a redução da maioridade penal (…) Se a gente olhar nossos presídios e para os que cumprem medida socioeducativa, vemos que estão hiperlotados. E quem está lá dentro tem classe, tem cor. Os presídios estão lotados da nossa população negra, jovem, periférica. (…) No momento em que a gente tem uma política de educação em que o jovem sai da escola e vai perdendo (oportunidades), que você olha a escola da propaganda com aula de robótica, mas onde você leva o filho não tem nem material escolar ou quadra coberta (…) Esses jovens não estão estudando, nem trabalhando, então o estado foi ausente na vida desse jovem desde o nascimento (…) Mas o estado é muito presente na hora de punir e encarcerar, então precisamos de outro modelo e rediscutir o que está aí. Não é só punir.

Melhorar eficiência do setor público
A eficiência do setor público tem sido baixa porque a gente investe em um modelo que tem uma lógica invertida, que pensa em grandes investimentos e não tem deixado um bom legado. Pensar em outro modelo não é só reforma administrativa. Precisamos gerar emprego e renda, com um modelo mais descentralizado em cooperativas, associações que podem estar em todas as regiões do estado. Há muita injustiça fiscal também. Quem ganha mais paga menos e quem ganha menos paga mais. Temos que falar em taxação de grandes fortunas e precisamos auditar a dívida pública. É negócio sonegar imposto em Pernambuco e precisamos combater isso.

Previdência
A gente tem visto o governador jogar a culpa para o governo Temer, quando ele ajudou a colocar Temer lá. E ele tem colocado a culpa dizendo que não vem investimentos para Pernambuco. De fato, os investimentos caíram. Precisamos rediscutir o modelo do pacto federativo, pois atualmente o Brasil é um país que arrecada muito porque tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. Falar em déficit da Previdência é falar em reforma da Previdência. O PSol rompeu com PT ainda em 2002 quando o então governo Lula pensava em fazer uma reforma que não concordávamos. Vemos a emenda constitucional 95 (que oficializou o teto dos gastos públicos) que limita gastos para a saúde, educação, mas não limita para o pagamento de juros e dívidas. Temos um modelo que precariza o estado e precisamos repensar um modelo de previdência social, o que não tem sido feito.

Geração de emprego
Precisamos capacitar desde os mais jovens. O desemprego assolou o país, em Pernambuco não é diferente. Isso vai aumentar o que chamamos de ‘exército de reserva’. Estamos vivendo uma grande crise estrutural. Todas as pautas reformistas vêm nesses momentos de crise propondo um outro modelo como saída. A reforma trabalhista do governo Temer, aprovada por ministros de Temer em Pernambuco e por aliados de Temer no estado - e a gente tem que olhar quem votou -, porque ela precariza os trabalhadores. Você botar um horário intermitente para o trabalhador que já é precário. Se as empresas cumprissem os pagamentos em caso de rescisão, não haveria essa demanda grande de processos.

Aliança PSB e PT
Essa aliança é como o grande monstro leviatã, composta por várias partes de corpos que não são homogêneos. A vaia que o governador sofreu (durante ato com o presidenciável Fernando Haddad, ocorrido no último sábado) não foi dos amigos de (Michel) Temer, como ele disse. Quem vaiou o governador foi a militância de esquerda (…) por estar insatisfeita e não aceitar mais essa vontade vinda de cima para baixo. (…) É difícil para as pessoas compreenderem esse projeto que o PSB tem, que tem socialista só no ‘S’. Não pode ser socialista um governo que é encastelado, que persegue lideranças sindicais e não dialoga com a população. Assistimos à insatisfação de ver Humberto (Costa) e Jarbas (Vasconcelos) enrolados numa mesma bandeira, isso deixa todos atônitos com a cara de pau. Por isso, precisamos pensar numa reforma política porque esse modelo faz com que essa busca por mais recursos, tempo de televisão, leva a essa crise de representatividade que vivemos.
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL