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ELEIÇÕES 2018

'O Pacto pela Vida virou Pacto pela Morte', afirma Júlio Lóssio em sabatina

Candidato da Rede ao governo do estado, Julio Lóssio foi sabatinado ontem pelo Diario de Pernambuco, em parceria com o Politéia, Instituto de Política da Unicap.

Publicado em: 04/09/2018 08:09

Foto: Nando Chiappetta/DP
O candidato agradeceu o espaço dado em função da pouca oportunidade que tem de expor suas ideias devido ao tempo limitado do seu partido no guia eleitoral. O candidato da Rede afirmou que todas as vezes que os governantes tentaram eleger o sucessor sem que a pessoa indicada tenha competência e habilidade política a estratégia fracassou. 

Lóssio não poupou os adversários e afirmou que o programa Pacto pela Vida, da Frente Popular, 'faliu'. Disse, ainda, que é comum as pessoas pobres e endividadas terem seus nomes no Serasa e SPC, enquanto que usineiros quando 'quebram financeiramente' não são penalizados. 

Para evitar que os presos fiquem ociosos e sem oportunidade de emprego ao cumprirem as penas, Lóssio prometeu criar três presídios no estado aproveitando a vocação de cada lugar. Segundo o candidato, haverá o presídio da confecção, no Agreste, da indústria, na Região Metropolitana, e de fruticultura, no Vale do São Francisco, no Sertão. Para reduzir o número de acidentes com motos e gasto na saúde, o candidato da Rede avisou que implantará tacógrafos nesses veículos, como existem nos caminhões. 

Também prometeu focar na educação infantil e dar uma atenção especial ao primeiro emprego para evitar que os jovens entrem na criminalidade. Como forma de incentivar os estudantes a concluir o ensino médio, Lóssio avisou que fará convênio para qualificação profissional com o Sistema S (Sesi/Senai/Sesc) e oferecerá gratuitamente a primeira habilitação aos jovens como recompensa. Já as empresas que apoiarem a iniciativa terão um bônus tributário. Também falou sobre seus projetos para saúde e redução das filas para realização de cirurgias eletivas.

Palanque de Marina
Sou candidato pela Rede a convite de Marina Silva. Ela precisa de um palanque forte em Pernambuco e é uma forte candidata à Presidência. Não gosto da expressão de poste. Isso não funcionou no Brasil quando o ex-presidente Lula (PT) indicou Dilma. Faltou a ela habilidade na gestão política. Isso não deu certo no Recife, quando João Paulo indicou João da Costa. E não deu certo em Pernambuco, quando Eduardo colocou Paulo Câmara. No dia 1º de janeiro (2019) quem estará no Palácio não será Lula, Miguel Arraes ou Eduardo Campos. O eleito vai ter que resolver os problemas do estado. Prefiro conquistar as pessoas pelas nossas propostas, pelas nossas ideias e pelo que fizemos. Claro que, se as pessoas que votam em Marina acreditarem em nossa campanha, ficarei muito feliz e vice-versa. Marina é um exemplo de moralidade. Ela merece o voto do pernambucano e do Brasil.

Violência/medo
O Pacto pela Vida virou o Pacto pela Morte. Cem pessoas morrem por dia no estado. É como se caísse toda semana um avião em Pernambuco. As pessoas estão com medo. Nesse momento está morrendo gente pobre, da periferia, adolescente, negro. Estive em Paulista esta semana e os comerciantes têm que pagar segurança privada. Esse é o primeiro caminho para formação de milícias. Vamos criar polícia rodoviária estadual, porque nossas divisas estão desassistidas. O tráfico de drogas e de armas precisa ser combatido. Vamos construir três grandes presídios. Mas, não é só construir prédios. O primeiro deles será no Vale do São Francisco, que vai cuidar que os presos aprendam a lidar com a fruticultura. Vamos ter o presídio da confecção, na região do Agreste, para aproveitar a vocação de cada lugar. Na região da Mata e Metropolitana vamos fazer um presídio da indústria para produção de mesas, cadeiras e móveis escolares. É importante dar uma oportunidade para as pessoas darem um salto na vida.

Quebrar a regra
Existe tradições e elas foram feitas para serem quebradas. Em Pernambuco, mas especificamente no Recife, tem tradição de eleger prefeito de Casa Forte, de manter as oligarquias tradicionais de Pernambuco, de usineiro quebrar aqui e povo ficar pobre. Isso vai acabar. O pobre quando quebra ele vai para o Serasa, o SPC. Aqui o usineiro quando quebra vai para a Europa passear e o estado continua colocando dinheiro no bolso dele, permanece morando em Casa Forte e influenciando a política pernambucana, a exemplo do que a gente viu no debate na Fiepe. Não me chamaram e eu tenho dito que vamos acabar com essa boquinha de usineiro quebrado, povo pobre e usineiro rico.

Educação
A escola de tempo integral é algo de muito importante e não foi iniciativa de governo. Foi do cidadão chamado Marcos Magalhães, que reativou a escola pública que ele estudou (Ginásio Pernambucano). Na época, o secretário de Educação, Raul Henry, convenceu Jarbas Vasconcelos a adotar esse programa. Quando Eduardo chegou, adotou e Paulo também. A escola de tempo integral de Pernambuco é uma política pública estadual, não pertence a nenhum político e, portanto, deve ter continuidade.

Educação infantil
Não adianta falar em reforma do ensino médio. É como a gente falar em reformar o teto de uma casa. Pode colocar um teto cem, mil vezes e não vai resolver se as paredes estão danificadas. Tem que começar pelo alicerce. Por isso vamos priorizar a educação infantil. Traremos para Pernambuco o que fizemos em Petrolina. Tivemos o melhor Ideb entre as cidades de Pernambuco. Pernambuco fica anunciando que tem a melhor educação média do Brasil, isso é mentira. O estado caiu em português e estacionou em matemática. De cada 100 pessoas que estão na sala de aula só duas ou quatro aprendem o que se ensina. Se isso fosse uma empresa, seria uma empresa quebrada.

Primeiro emprego
Há dois problemas: primeiro é o aluno conseguir acabar o ensino médio. De cada 150 mil crianças matriculadas no ensino fundamental, quando chega no ensino médio, só saem 90 mil. Se pensar nas pessoas entre 15 e 20 anos, que é uma idade crítica, 600 mil jovens estão perdidos no caminho da rua e essa é a matéria-prima do crime. Do jeito que tem o olheiro do futebol, o crime organizado também tem. Vai buscar o jovem que está no sinal de trânsito ganhando R$ 500 por mês e o cara oferece R$ 3 mil para levar maconha, depois R$ 10 mil para levar cocaína e R$ 20 mil para matar fulano. Isso vai gerando a criminalidade, que só faz crescer. Temos que ter política que permita que o jovem termine o ensino médio.

Primeira habilitação
Hoje, 70% dos presos em Pernambuco e no Brasil não conseguiram terminar o ensino médio e fundamental. No Brasil, na década de 1990 tínhamos 90 mil presos. Estamos chegando a 700 mil. Temos que criar estímulo para manter o jovem no ensino médio. Farei convênio com o sistema S para qualificar o jovem para o trabalho. Vamos criar políticas públicas de valorização. O estudante que conseguir terminar o ensino médio vai ganhar sua habilitação gratuitamente. Uma habilitação custa em média R$ 3 mil. Para um garoto de uma família pobre é muito difícil. Faremos um acordo com as empresas e daremos um bônus tributário relacionado ao número de contratos que forem feitos com egressos do ensino médio.

Cirurgias eletivas
Defendo que os municípios foquem na atenção básica, que o estado foque na média complexidade para que o governo federal possa cuidar um pouco mais da alta complexidade. Em Petrolina ficamos focados na atenção básica. Chegamos a ter a segunda maior cobertura de PSFs do Brasil. Fizemos convênios com a universidade e criamos o curso de residência médica e atenção básica. Fizemos o programa de cirurgias eletivas pediátricas, parcerias com o governo do estado. É uma esculhambação esse negócio de furar fila. Tem que acabar com isso. O cidadão não é obrigado a bajular o político para fazer uma cirurgia eletiva. Vamos criar listas transparentes de cirurgias eletivas. Vamos utilizar o espaço vazio e os horários livres dos centros cirúrgicos à noite para cirurgias eletivas e vamos pagar os profissionais por cirurgias.

Tacógrafos em motos
Só com acidentes de motos foram gastos dentro dos hospitais R$ 600 milhões. Se colocar a atividade pré-hospitalar e pós hospitalar teremos R$ 1 bilhão com algo que é prevenível. Vamos aplicar a lei. Implantaremos tacógrafos nas motos. É um sistema barato. Determinaremos que novas motos que cheguem a Pernambuco saiam com este equipamento. E nas motos existentes vamos viabilizar a instalação do tacógrafo sem onerar o bolso do motoqueiro. Precisamos regulamentar mototáxi, motoboys e motofrete. Vamos endurecer nessa questão, mas também vamos dar isenção de cinco anos do IPVA para mototáxi e vamos dar isenção de ICMS para compra da moto, para quem faz mototáxi, porque isso é geração de emprego e vamos ajudar a proteger a saúde deles próprios.

Sem alianças
Governaremos com a Rede, mas fazendo alianças decentes. Vamos dialogar com todos. Tenho uma relação muito boa com todos os políticos de Pernambuco, inclusive, com meus adversários, mas nós não vamos entregar secretarias e isso é um compromisso nosso para deputado fazer de lá um gueto político-eleitoral e de corrupção. Vamos buscar articular com o governo federal para trazer recursos. 
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