Eleição

PT e PSB unem discursos pelo Nordeste e defendem aliança

Os líderes das respectivas legendas se esforçaram para mostrar a importância de atuar em bloco nesta próxima eleição para combater à 'discriminação' da região nordestina, além das perdas sociais e econômicas

Publicado em: 19/05/2018 06:00 | Atualizado em: 18/05/2018 20:20

[FOTO1]

O PT e o PSB conseguiram afinar o discurso político regional, ontem, para justificar a necessidade de aliança política nos estados nordestinos e em Minas Gerais, onde nasce o Rio São Francisco. Um dia depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva externar, por meio do ex-prefeito Fernando Haddad(PT), que defende essa reaproximação, os dois partidos foram protagonistas no encontro de governadores realizado no Palácio do Campo das Princesas ontem. Os líderes das respectivas legendas se esforçaram para mostrar a importância de atuar em bloco nesta próxima eleição para combater à “discriminação” da região nordestina, além das perdas sociais e econômicas. Ambos externaram que o desafio era maior do que qualquer diferença política pré-existente. E passaram uma borracha no apoio dado por parte dos socialistas ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), gesto tão citado pelos adversários.

Os quatro governadores petistas presentes, bem como os dois socialistas, mediram as palavras para não acirrar os ânimos entre os militantes que resistem à unidade. Para a aliança entre os dois ser oficializada, entretanto, ficou claro que resta aos dois sacrificarem as candidaturas próprias em Pernambuco e em Minas, respectivamente de Marília Arraes (PT) e Márcio Lacerda (PSB). PSB e PT governam o maior número de pessoas no Nordeste e querem atuar com a menor aresta possível, priorizando os candidatos que vão disputar a reeleição.

Anfitrião do evento, o governador Paulo Câmara foi ladeado pelos petistas, um dia depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratar como “vitrines” sua gestão e as de Ricardo Coutinho (PSB-PB) e Flávio Dino (PCdoB). O senador Humberto Costa foi convidado e discursou, defendendo a pauta social e econômica definida em conjunto previamente.

Fernando Pimentel declarou que, na disputa pela reeleição, espera ter o apoio de Márcio Lacerda, “uma liderança muito popular em Minas”. Segundo o mineiro, não há nenhuma dificuldade de o PT encabeçar uma chapa e ter o PSB no Senado. “Tenho uma relação com Márcio muito antiga, de amizade, de companheirismo. Já estivemos juntos em campanhas eleitorais e tivemos separados, mas mantemos uma relação muito boa. Então, não tenho nenhuma dificuldade”, destacou Pimentel, em entrevista. Já Paulo Câmara frisou que Marília Arraes não era vista como uma “pedra” no seu caminho. “Estamos conversando com a ala do PT que defende essa aliança e espero que, internamente, o PT possa construir uma solução que seja pela aliança”, declarou, porém sem citar nomes.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse estar disponível para contribuir “para que esta aliança de Paulo Câmara (com o PT) seja assegurada. Todos nós temos uma preocupação com o Brasil, temos que fazer uma política de estado e não de governo, políticas mais perenes”, declarou, contando que, no jantar realizado entre os governadores no dia anterior, toda conjuntura política foi discutida. Segundo ele, a gestão de Temer mostra uma "má vontade e discriminação com a região".


Lula trata gestão de Paulo Câmara como 'vitrine'

Apresentando o problema dos estados, ao mesmo tempo, ressaltando que todos eram uma consequência da gestão do presidente Michel Temer (MDB) e do impeachment, Ricardo Coutinho defendeu a necessidade de tempo e renúncias. “Às vezes, uma pessoa extrapola, tudo tem o seu tempo. Cabe a nós agilizar a concretização desses tempos para que as coisas possam fluir. O Brasil não pode ter uma divisão de rumos num momento em que os interesses do povo estão tão fragilizados. Os compromissos com os interesses do povo requerem unidade”.

Embora PSB e PT devam apoiar presidenciáveis diferentes, respectivamente Ciro Gomes (PDT) e Lula, o evento de ontem confirmou o pacto de não agressão entre ambos. Árduo defensor do ex-presidente Lula, no entanto, Ricardo Coutinho fez a ponderação de que Ciro Gomes precisa dialogar mais, enquanto Paulo preferiu não bater o martelo sobre o presidenciável que apoiará. “Eu prefiro que o Brasil possa chegar num nome que agrade e seja consenso em todos nós”.

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL