CORRUPÇÃO

MPF denuncia ex-prefeito, secretários e empresários de Lagoa do Carro

Denúncia ocorreu na esfera da Operação Mata Norte, por desvio de quase R$ 1 milhão da merenda escolar e há nomes envolvidos também na Operação Torrentes.

Publicado em: 17/04/2018 21:42 | Atualizado em: 18/04/2018 12:18

Ex-prefeito Jailson do Armazém foi preso pela Polícia Federal em setembro do ano passado. Foto: PF/Divulgação (Ex-prefeito Jailson do Armazém foi preso pela Polícia Federal em setembro do ano passado. Foto: PF/Divulgação)
Ex-prefeito Jailson do Armazém foi preso pela Polícia Federal em setembro do ano passado. Foto: PF/Divulgação (Ex-prefeito Jailson do Armazém foi preso pela Polícia Federal em setembro do ano passado. Foto: PF/Divulgação)
Um ex-prefeito e ex-secretários do município Lagoa do Carro foram denunciados pelo Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF/PE) no âmbito da Operação Mata Norte, que desbaratou, no ano passado, associação entre empresários, agentes e servidores públicos que atuavam no desvio recursos destinados à aquisição de merenda escolar para a rede de ensino lagoense do carro, a 60 quilômetros do Recife, na Zona da Mata.

De acordo com investigações realizadas em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal (PF), pelo controlador Fábio Araújo e o delegado Alexandre Alves, foi detectado que a Prefeitura de Lagoa do Carro realizou quatro licitações  irregulares entre 2013 e 2016, com quase R$ 1 milhão do Programa Nacional de Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica (PNAE), sem comprovar inviabilidade de adoção da modalidade eletrônica de pregão. 

Eleito prefeito de Lagoa do Carro em 2012 e candidato à reeleição pelo PSB em 2016, quando alcançou 48,52% dos votos válidos mas não conseguiu renovar o mandato, Severino Jerônimo da Silva, o “Jaílson do Armazém”, integra o primeiro núcleo de acusados. Segundo o MPF/PE, esse núcleo reúne os agentes públicos que promoviam as licitações fraudulentas para beneficiar empresas. 

Além do ex-prefeito, integram o primeiro núcleo o ex-pregoeiro do município, Adeildo Marques dos Santos Jr.; a ex-secretária municipal de Educação, Silvia Maria Santos Porto; o ex-secretário municipal de Assuntos Jurídicos, Antônio Flávio Guerra Barreto; a ex-secretária municipal de Finanças, Talita Correia Dias de Almeida; e o ex-assessor jurídico Luiz Cavalcanti Petribu Neto.

No segundo núcleo estão empresários e particulares que participavam do esquema, segundo a procuradora da República Silvia Regina Pontes Lopes, sob liderança de Ricardo José de Padilha Carício. Também denunciado pelo MPF/PE na Operação Torrentes e proprietário de fato das empresas Radar Mercantil Ltda. e FJW Empresarial Ltda., ele teve sob seu comando os empresários Ricardo Henrique Reis dos Santos, Taciana Santos Costa, Jully Anne de Moraes Barros, João Henrique dos Santos e Eliab Américo Coutinho, para frustrar os processos licitatórios superfaturados e desviar os recursos públicos federais em favor de suas empresas. 

Crimes - Segundo o MPF/PE, os envolvidos foram denunciados por fraudes em licitações e associação criminosa. Severino Jerônimo da Silva, Silvia Maria Santos Porto, Talita Correia Dias, Ricardo Padilha Carício e Ricardo Henrique Reis também foram acusados da prática de crime de responsabilidade. Se ocorrer condenação na Justiça Federal, as penas podem chegar a mais de 30 anos de reclusão. O MPF requer, ainda, que seja decretada a perda dos eventuais cargos ou funções públicas dos envolvidos, bem como que seja fixada indenização mínima no montante dos valores superfaturados.

Além da denúncia oferecida à Justiça Federal, o MPF requisitou uma série de diligências à PF, incluindo a coleta de depoimentos de Silvia Maria Santos Porto, Ricardo Padilha e Taciana Santos, além do compartilhamento de provas e informações decorrentes da Operação Torrentes, que tem em seus alvos as empresas de Padilha.

O Escritório Rigueira, Amorim, Caribé, Caúla & Leitão, na defesa do empresário Ricardo Padilha, explicou por meio de nota que a modalidade das licitações é determinada pelo Município, não cabendo aos licitantes qualquer ingerência administrativa. "Em relação ao suposto 'superfaturamento' dos itens licitados, apontado na denúncia, destaca que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal utilizaram critérios equivocados na comparação de preços com os que foram auditados pela Controladoria Geral da União. Informa, ainda, que os objetos das licitações foram plenamente cumpridos e entregues ao Município", diz o texto divulgado para a imprensa. A defesa ainda informa que aguarda a citação dos réus para que possa apresentar defesa escrita à 13a Vara Federal/PE e "contrariar todos os equívocos imputados na denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal".

*Com informações da Assessoria de Comunicação Social do MPF/PE.

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