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Opinião Luciano Bivar: As mulheres inteligentes ouvem a intuição Luciano Bivar é empresário

Publicado em: 18/07/2017 07:39 Atualizado em:

Mario Puzo, em O Poderoso Chefão, descreve o drama de Kay, depois que sua cunhada Connie, numa crise incontida de histeria, acusou Michael Corleone como responsável por todas as mortes estampadas nos jornais de Nova Iorque na guerra dos mafiosos, inclusive Carlo Rizzi, marido da Connie e também cunhado do próprio Michael. Os motivos que levaram àqueles assassinatos revestiam-se de traições imperdoáveis, como a cumplicidade de Carlo, na própria morte de Sonny, irmão de Michael e Connie, na trama que Puzo escreveu.

O pressentimento de Kay sobre aquela matança, certamente tinha nome e endereço. No entanto, seu intuitivo preferiu freia-la diante de uma ruptura com seu marido, porque - quem sabe!

- Michael entendia que a traição não pode ser perdoada. Michael poderia até perdoá-los, mas as pessoas nunca perdoam a si mesmas e, assim, seriam sempre perigosas.

O intuitivo detecta o pressentimento e remete para suas mentes emocional e analítica, mas ele, o intuitivo, não recomenda uma decisão errada. As mulheres ou homens imaturos, quando impulsionadas pelo “orgulho cultural”, esquecem o melhor para si e caem numa cilada emocional, que só leva ao banzo, à violência e à depressão.

As convicções de Kay, repousadas em seu pressentimento, eram verdadeiras, mas seu intuitivo a conduziu para outra atitude, mesmo pensando diferente, preferiu que Michael mentisse.

E prosseguiu o livro com o seguinte diálogo:

“Kay ainda está chocada, sentia-se horrorizada. Perguntou ao marido: - Que foi que fez Connie dizer todas aquelas coisas? Michael deu de ombros e respondeu:

- Ela está histérica. Kay olhou dentro dos olhos dele.

- Michael, não é verdade, por favor, diga que não é verdade! Michael balançou a cabeça com um ar cansativo,

- Claro que não é verdade”

Era tudo que Kay queria ouvir, perdoá-lo subjetivamente e, mais tarde, com um desejo profundo e realmente espontâneo, foi à igreja e fez as necessárias orações pela alma de Michael Corleone.

Os erros, quando eivados de proteção, amor e emoções, despidos dos mau caratismo, sempre serão uma constante na vida dos homens e das mulheres. Daí para um sentimento de deslealdade há uma grande distância.

Entre a deslealdade e a infidelidade, há uma diferença como da água para o vinho. A deslealdade traz em seu âmago, o que é mais perverso na mente humana, enquanto a infidelidade habita a superficialidade da calota comportamental do ser humano.

Ambos são reprováveis, a diferença é que o primeiro nos parece da gênese e dificilmente recuperável; o segundo é tratável e redirecionado, conforme as etapas da vida, do conhecimento e da cultura.

Pressentimentos existem, e são reais e mais sensitivos às mulheres, mas saber depurá-lo, irrelevá-lo para melhor ouvir seu intuitivo, constituem, na verdade, o ponto de equilíbrio que só as mulheres e homens despojados de mesquinhez, dotados de amor e carinho possuem.


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