Hora de falar
JBS convoca mais executivos para aderir à delação
O combinado entre eles é que seria preciso falar de maneira organizada sobre as acusações em operações policiais
Por: AE
Publicado em: 11/06/2017 11:21 Atualizado em:
Uma nova leva de executivos do grupo empresarial controlado pela JBS na Seara, empresa de alimentos à base de frangos e suínos; na Eldorado Celulose, do setor de papel; e também na JBS Demilton Antônio, diretor financeiro da JBS; Valdir Boni, diretor de Tributos da JBS; Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-conselheiro fiscal da JBS; e o advogado Francisco de Assis, diretor jurídico da JBS.
O combinado entre eles é que seria preciso falar de maneira organizada sobre as acusações em operações policiais que tinham atingido os negócios e cada um se preparou para depor. O processo foi ágil. Entre 7 de março, data em que Joesley esteve com presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, e a divulgação das delações não transcorreram nem três meses.
Por causa da atípica celeridade, os críticos ao acordo de delação premiada da JBS dizem que a colaboração foi feita às pressas. No entanto, fontes próximas à empresa argumentam que houve foi orquestração interna e o nível de eficiência dessa estratégia explica o fato de nada ter sido vazado - nem mesmo para os demais funcionários, pegos de surpresa com o noticiário de que o dono da empresa havia gravado conversas com o presidente da República.
Não é possível, de antemão, saber o número de envolvidos nem quantos vão aderir à colaboração. No entanto, criminalistas que já usaram o instrumento da delação, ouvidos pela reportagem com o compromisso de permaneceram no anonimato, acreditam que pela extensão dos delitos narrados, é impossível que apenas sete executivos tenham agido ativamente.
Odebrecht
Recordista em indicar delatores na Justiça brasileira a Odebrecht pode dar uma ideia da dimensão do trabalho que o grupo J&F tem pela frente. Assessores jurídicos e membros da companhia trabalharam nove meses na seleção dos envolvidos. Concluíram que 77 executivos precisavam ser delatores, compartilhando o envolvimento em crimes.
No entanto, é preciso entender que as delações da Odebrecht e da JBS ocorreram em condições bem diversas. No conglomerado voltado à infraestrutura, o acionista Marcelo Odebrecht foi preso negando as acusações, em coro com todos os executivos e acionistas. Em contrapartida, quando aceitou colaborar, teve um prazo longo para avaliar o papel de cada funcionário nos esquemas da companhia. Passaram-se quase dois anos entre a prisão de Marcelo, em junho de 2015, e a divulgação das delações em abril deste ano. A J&F terá quatro meses.
Há ainda outro componente imprevisível: a colaboração precisa ser espontânea e o funcionário tem a prerrogativa de não aderir. Nesse caso, precisa estar ciente que, lá na frente, com o avanço das investigações, pode ser acusado por algum colega e se complicar. Quando incriminado em uma fase posterior, o funcionário pode perder os benefícios da colaboração acertada entre a empresa e a Justiça. "É um risco, mas nem todos se sentem confortáveis em falar", diz o advogado Fernando Castelo Branco, que tem entre seus clientes executivos de empresas investigadas na Lava Jato que não quiseram aderir e colaborar.
O combinado entre eles é que seria preciso falar de maneira organizada sobre as acusações em operações policiais que tinham atingido os negócios e cada um se preparou para depor. O processo foi ágil. Entre 7 de março, data em que Joesley esteve com presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, e a divulgação das delações não transcorreram nem três meses.
Por causa da atípica celeridade, os críticos ao acordo de delação premiada da JBS dizem que a colaboração foi feita às pressas. No entanto, fontes próximas à empresa argumentam que houve foi orquestração interna e o nível de eficiência dessa estratégia explica o fato de nada ter sido vazado - nem mesmo para os demais funcionários, pegos de surpresa com o noticiário de que o dono da empresa havia gravado conversas com o presidente da República.
Não é possível, de antemão, saber o número de envolvidos nem quantos vão aderir à colaboração. No entanto, criminalistas que já usaram o instrumento da delação, ouvidos pela reportagem com o compromisso de permaneceram no anonimato, acreditam que pela extensão dos delitos narrados, é impossível que apenas sete executivos tenham agido ativamente.
Odebrecht
Recordista em indicar delatores na Justiça brasileira a Odebrecht pode dar uma ideia da dimensão do trabalho que o grupo J&F tem pela frente. Assessores jurídicos e membros da companhia trabalharam nove meses na seleção dos envolvidos. Concluíram que 77 executivos precisavam ser delatores, compartilhando o envolvimento em crimes.
No entanto, é preciso entender que as delações da Odebrecht e da JBS ocorreram em condições bem diversas. No conglomerado voltado à infraestrutura, o acionista Marcelo Odebrecht foi preso negando as acusações, em coro com todos os executivos e acionistas. Em contrapartida, quando aceitou colaborar, teve um prazo longo para avaliar o papel de cada funcionário nos esquemas da companhia. Passaram-se quase dois anos entre a prisão de Marcelo, em junho de 2015, e a divulgação das delações em abril deste ano. A J&F terá quatro meses.
Há ainda outro componente imprevisível: a colaboração precisa ser espontânea e o funcionário tem a prerrogativa de não aderir. Nesse caso, precisa estar ciente que, lá na frente, com o avanço das investigações, pode ser acusado por algum colega e se complicar. Quando incriminado em uma fase posterior, o funcionário pode perder os benefícios da colaboração acertada entre a empresa e a Justiça. "É um risco, mas nem todos se sentem confortáveis em falar", diz o advogado Fernando Castelo Branco, que tem entre seus clientes executivos de empresas investigadas na Lava Jato que não quiseram aderir e colaborar.
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