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Diario Editorial: Cuidando da água

Publicado em: 19/06/2017 08:29 Atualizado em:

Em tempos de seca prolongada no Nordeste, situação que se observa em outras regiões do planeta, a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta para a necessidade urgente de adoção da prática de reciclagem da água em função da escassez de recursos hídricos em inúmeros países. A população mundial demorou a entender que a água não é recurso inesgotável. A sua falta, mostra o estudo do organismo internacional, se faz sentir cada vez mais em diversas áreas, como na da saúde, com o surgimento de doenças associadas ao problema. E não há distinção entre nações pobres, ricas e em desenvolvimento.

A prática do reúso hídrico, pouco conhecida dos brasileiros, tem de ser estimulada pelos governantes. Muitos países adotaram políticas nesse sentido, principalmente na agricultura, setor que mais explora este recurso. No relatório “Águas residuais: o recurso inexplorado”, recentemente lançado na África do Sul, a ONU aponta inúmeras possibilidades de reciclagem e mostra que existe tecnologia confiável para filtrar as impurezas e reaproveitar o produto sem qualquer risco para a população, quando for para o consumo humano.

A verdade é que as águas residuais não devem simplesmente ser descartadas, num flagrante desperdício, pois são recurso valioso num mundo onde não é inesgotável. Daí a necessidade urgente de seu reúso. Mas, para que isso se torne realidade, a barreira do preconceito tem de ser vencida, quando destinada ao consumo humano. As pessoas ainda rejeitam a ideia de que podem bebê-la, quando reaproveitada, sem qualquer risco. Isso porque a água residual pode vir de fontes, como aquela descartada no banho, no vaso sanitário e na máquina de lavar roupa, entre outras.

A meta da ONU é reduzir à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentar a reutilização de água potável até 2030. Para alcançar o objetivo, é fundamental aumentar a aceitação pública de seu reúso, o que já vem acontecendo em experiências de reutilização em larga escala. A população tem de entender que as águas residuais que acabam no esgoto não são um problema, mas parte da solução da crise hídrica em nível mundial. Em Singapura, por exemplo, bebe-se água reciclada de esgotos, completamente renovada e segura. O mesmo acontece em outros locais, como Japão e Califórnia.

No Brasil, onde a escassez não é tão grave como em outras regiões do planeta, o grande problema não é o consumo humano, mas o uso do insumo na indústria e na agricultura. No entanto experiências exitosas vêm ocorrendo, como em São Paulo, no Aquapolo Ambiental do Polo Petroquímico da Petrobras que, com iniciativas paralelas no Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco, utilizou água reciclada que daria para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes por um ano. Iniciativas, como essa, devem receber todo estímulo. E a população tem de se conscientizar de que a água é finita e que cada que vez que é reutilizada maior será a contribuição para frear a escassez.


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