Opinião Dóris Mª L. dos Santos: Renúncia - resgate da hombridade Dóris Mª L. dos Santos é advogada e escritora

Publicado em: 22/06/2017 07:26 Atualizado em:

Ah! Nosso querido país, nossa velha república. É um fato, para a maioria dos brasileiros os acontecimentos que vêm ocorrendo de uns tempos para cá, já não causam tanta indignação ao contrário, o povo já criou casca grossa. Nada mais causa espanto, surpresa, nada. Nunca acompanhei um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A eloquência e a segurança do posicionamento do seu relator, o ministro Hernan Benjamin, deixaram-me encantada. Ao mesmo tempo a certeza do Sr. Temer de que seria absolvido, não me abalou nem um pouco, apesar de estranhar tanta calma e convicção do resultado favorável a ele. Bom, diz o velho ditado: ”Formiga sabe a roça que come”. E aí, o ministro relator foi voto vencido, assim como os demais que seguiram seu raciocínio. Sorte do Sr. Temer, o voto minerva do presidente ministro Gilmar Mendes. Para ele, o caso em tela é uma questão política, que não cabe ao tribunal julgar. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

A vitória do Sr. Temer, não transforma sua vida política num mar de rosas, posto que muitos dos seus aliados já consideram não muito suportável sua permanência no cargo, estão divididos e até uma pesquisa do Datafolha revela essa situação. Não se tem, ainda, um nome que se destaque caso haja uma eleição indireta. O clamor da população era para que houvesse uma eleição direta, porém, a nossa Constituição nesse caso, apenas poderia ser alterada através de uma proposta de emenda, sendo essa um processo deveras demorado e sua formalidade é complicada, conforme argumentam vários juristas. Infelizmente, para o Sr. Temer, manter-se no cargo até 2018 é impraticável ele perdeu quase todo o apoio no Congresso, como se fora “persona non grata”.

Muito bem, a chapa Dilma-Temer, foi absolvida. A Sra. Dilma Rousseff, quando presidente, sofreu um impeachment por crime de responsabilidade, desrespeito à Lei orçamentária, pedaladas fiscais, etc..., através da aceitação da denúncia em 02/12/2015, pelo Sr. Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos deputados. Foi atendido o pedido feito pelo Sr. Hélio Bicudo e os advogados Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. Quais suas posições no caso Temer? Como mantê-lo no cargo de presidente da república e na linha sucessória, os presidentes da Câmara e do Senado têm legitimidade para tanto, se ambos são investigados? A situação do nosso país está realmente complicada. Ele afirma constantemente que não vai renunciar, mas há o risco de sofrer um impeachment. Está sendo investigado por obstruir a justiça, corrupção e associação criminosa. A Procuradoria Geral da República, deve denunciá-lo por conta do que pesa contra ele, baseada na denúncia da JBS.
Por empáfia, não aceita renunciar, isso seria uma fraqueza de sua parte, por isso creio que talvez não passe pela sua mente que em determinados momentos a renúncia não é um gesto de fraqueza ou covardia, mas sim, de integridade, retidão e altivez de caráter. Ao final, prestar contas à justiça, pagando por seus erros e atendendo aos anseios da população brasileira.
 


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