Diario Editorial: A melhor forma de combater a corrupção Vivemos um momento em que o combate à corrupção pode conseguir um avanço histórico, indo até onde nunca fomos antes e deixando um terreno pavimentado para que as mudanças éticas se consolidem

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/08/2016 07:00 Atualizado em:

A condenação aos vazamentos seletivos de delatores está ganhando corpo no Supremo Tribunal Federal (STF). Não que antes os ministros do Supremo os defendessem, mas é que agora eles os estão condenando explicitamente. Primeiro foi Gilmar Mendes; dias depois foi a vez de Luís Roberto Barroso, para quem o respeito à transparência “não legitima vazamentos seletivos, venham da acusação, da defesa ou da polícia”. 

Nunca é demais repetir que todos nós - os ministros do Supremo, inclusive - desejamos a continuidade das investigações de corrupção. Porém quanto menos espaço for dado a exageros ou distorções, mais efetivas elas serão e menos chances de serem cometidas injustiças existirão.
 
O ministro Barroso - em palestra realizada sexta-feira, na Associação dos Advogados, em São Paulo - disse que a corrupção no Brasil deve ser combatida não com “arroubos teóricos”, e sim com “investigação séria, cooperação internacional, tecnologia e técnica jurídica”. Outro ponto importante, destacado pelo ministro, foi que o país necessita de uma “sociedade mobilizada e um judiciário independente capazes de continuar a promover uma virada história na ética pública e privada”. Ele mesmo fez questão de ressaltar, ao fim da frase: tudo “dentro da legalidade”.
 
Uma combinação de tais fatores tem força suficiente para enfrentar um dos problemas do Brasil, que nos impede de chegar em um patamar ético elevado: a impunidade. Quando temos distorções como vazamentos seletivos, uma sociedade desmobilizada e um judiciário dependente é quando a impunidade campeia.  Estes vazamentos são ainda mais danosos porque podem ser instrumentos utilizados nos bastidores da luta política e partidária - algo que não interessa à sociedade nem faz bem à democracia. 
 
Vivemos um momento em que o combate à corrupção pode conseguir um avanço histórico, indo até onde nunca fomos antes e deixando um terreno pavimentado para que as mudanças éticas se consolidem. Não podemos desperdiçar este momento com excessos que só fazem atrapalhar, como são os vazamentos seletivos, agora explicitamente condenados por ministros da mais alta Corte de Justiça do país.


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