Opinião Aurélio Márcio Nogueira: O jaboti na forquilha Estadão fez matéria dizendo que Pernambuco foi do boom ao caos em cinco anos

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 01/05/2016 13:40 Atualizado em:

O jornal O Estado de São Paulo, cujo simpático apelido, Estadão, incorpora o reconhecimento de seu prestígio e da amplitude de sua influência editorial, publicou, no dia 23 de abril, uma longa reportagem, assinada pelos jornalistas Alexa Salomão e Alex Silva, sob o título Pernambuco foi do boom ao caos em cinco anos. A matéria, encimada por tão bombástico e estapafúrdio título, causa estranheza e surpreende. Estranheza porque não faz jus à tradição de seriedade e de respeito à verdade, cultivada pelo Estadão, induzindo-nos a conceituar tal reportagem no sentido da popular advertência:  Jaboti, trepado numa forquilha, tem dono e não está ali por acaso. Surpreende porque a substância da matéria - desde o título, subtítulos, comentários e avaliações - parece forjada e alinhavada, deliberadamente, com o propósito de desenhar uma imagem distorcida e desanimadora da economia e do ambiente de negócios, no nosso estado.

É indiscutível a constatação de que o Brasil está mergulhado numa crise de múltiplas dimensões, que afeta, severamente, todo o país, nos planos social, econômico e político partidário. Até a presidente Dilma, artífice e vítima dessa crise, já reconheceu isso. Afortunadamente, as nossas Instituições funcionam dentro da normalidade constitucional, e buscam-se caminhos democráticos para solucionar os conflitos, na esperança de que depois da tempestade venha a bonança. Sabe-se, também, que o motor da crise, no nosso sistema federativo fortemente centralizador, propaga, severamente, pelos estados, suas forças deletérias e desestabilizadoras. Somos todos crise. Uns mais, outros menos. Pernambuco, seguramente, não é o mais abatido e está longe de uma situação caótica. 

Os autores da reportagem buscaram, com a meia verdade de suas afirmações, estabelecer um fantasioso lapso temporal de “cinco anos”, entre um boom (sic), que não explicam como e quando ocorreu, e a ficção de um caos atual, que, tendenciosamente, denunciam.  Recorreram a estatísticas isoladas, sem metodologia comparativa. Requentaram velhas histórias, citando, pitorescamente, “causos” e frustrações individuais. Contam estórias sobre o Aedes  aegypti e o “estrago” que o mosquito estaria causando à indústria pernambucana. Realçam dados sobre quedas de receita, do PIB  e exigibilidades da  dívida pública e exploram, com má vontade, as taxas de desemprego, notadamente na Região Metropolitana do Recife. Enfim, para um desavisado marciano, em busca de um lugar, no Brasil, para investir, Pernambuco, da reportagem do Estadão, nem pensar!

Como reconhecemos acima, somos todos crise, mas, ainda assim, Pernambuco se mantém firme e forte, com uma governança consciente das dificuldades,  e bem avaliada. O complexo industrial de Suape se consolida com grandes empreendimentos estruturadores, que amadurecem e germinam. Os polos da Jeep, do vidro e de fármacos animam a economia do litoral norte. Baterias Moura expande sua fábrica em Belo Jardim. Petrolina é um dínamo, no alto Sertão. A energia eólica é modelo de produção e geração em Pernambuco. O estado é notável destino turístico, com Recife, Olinda, Porto de Galinhas e Fernando de Noronha. O comércio conta com os mais modernos equipamentos. O Porto Digital é uma referência, na área da TIC...  É tanta coisa positiva, que não há mais espaço para anotar. Isso é caos, Cara Pálida?!


Aurélio Márcio Nogueira é presidente do Centro das Indústrias do Estado de Pernambuco e vice-presidente da Fiepe
 


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