Angra 3 Camargo Corrêa vai ajudar a apurar cartel Construtora fechou ontem acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)

Publicado em: 01/08/2015 08:01 Atualizado em: 01/08/2015 08:04

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fechou ontem acordo de leniência com a Camargo Corrêa em investigação de cartel nas obras da usina Angra 3. Pelo acordo, a empresa colabora com a apuração em troca de punição menor. Além da Camargo, seis empresas são suspeitas de combinar preços em licitação da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, para obras da usina.

A licitação foi feita em janeiro de 2014 e as obras tinham custo de cerca de R$ 3 bilhões. São apontadas como participantes no esquema as construtoras Andrade Gutierrez, Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão, EBE-Empresa Brasileira de Engenharia, Techint Engenharia e UTC Engenharia S/A, além de 22 pessoas físicas. Se condenadas, as empresas poderão pagar multa de até 20% de seu faturamento.

Entre os participantes do acordo está o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini, que fez delação premiada com o Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato. Nesta semana, a Polícia Federal prendeu o presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra, na 16.ª fase da Lava-Jato.


Esta etapa, que teve como base a delação de Avancini, apura o pagamento de propina nas obras de Angra 3. Foram feitas ainda buscas e apreensão e o Cade deverá ter acesso aos documentos apreendidos. A Camargo Corrêa teve que fornecer provas, como e-mails, contas telefônicas e documentos para fechar o acordo. “As provas são bastante robustas, há um relato de forma muito detalhada de como funcionou o cartel. Achamos que temos indícios suficientes para instaurar um processo administrativo”, afirmou o superintendente do Cade, Eduardo Frade.

No relato feito ao Cade, a Camargo descreve reunião no dia 8 de novembro de 2013 com membros do chamado !”conselhão Angra III”, em que as empresas teriam decidido que o consórcio formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC seria o vencedor dos dois pacotes licitados pela Eletronuclear e depois repassariam um dos pacotes ao segundo consórcio. Um dos e-mails repassados por representante da Camargo Corrêa para as outras empresas, obtido pelo Cade, é bastante explícito ao falar do encontro. “O nosso grupo sairá vencedor, escolherá o pacote que lhe interessa e o outro grupo leva o outro pacote”.

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