Será a vez dele? "A meta política é a prisão de Lula", critica presidente do PT sobre prisão de José Dirceu A deputada estadual Teresa Leitão afirmou que o ex-ministro estava contribuindo com as investigações e não havia motivo para ser detido

Por: Tércio Amaral

Publicado em: 03/08/2015 10:04 Atualizado em: 03/08/2015 13:33

Para Teresa Leitão, a meta política da Lava Jato é prender o ex-presidente Lula. Foto: Guilherme Veríssimo/Esp DP/D.A Press
Para Teresa Leitão, a meta política da Lava Jato é prender o ex-presidente Lula. Foto: Guilherme Veríssimo/Esp DP/D.A Press

A presidente do PT em Pernambuco, a deputada estadual Teresa Leitão, saiu em defesa do companheiro de partido, o ex-ministro José Dirceu, preso na manhã desta segunda-feira em virtude das investigações da Operação Lava-Jato. “Eu tenho restrição à forma de atuação desse juiz (Sérgio Moro). Não só em relação a Dirceu, mas com outros investigados. Alguns juízes acham também. Ele (Sérgio Moro) não está agindo com parcimônia. Como ele vai explicar a prisão de alguém que já estava em prisão domiciliar?”, questionou.

José Dirceu foi preso por agente da Polícia Federal, em Brasília, por suspeita do recebimento de propina disfarçada na forma de consultorias, através  de sua empresa JD Assessoria, já desativada. “José Dirceu nunca deixou de colaborar com as investigações. A prisão é apoteótica. O juiz está fazendo com ele (Dirceu) como vem fazendo em todos os casos. A sociedade está a favor das investigações, agora não se pode fazer um jogo político”, completou Teresa.

 

A Polícia Federal incluiu a JD Assessoria e Consultoria em um grupo de 31 empresas “suspeitas de promoverem operações de lavagem de dinheiro” em contratos das obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no município de Ipojuca, em Pernambuco. A construção iniciada em 2007, que deveria custar R$ 4 bilhões, consumiu mais de R$ 23 bilhões da Petrobras. O ex-ministro já cumpria prisão em regime aberto após ter sido acusado no julgamento do mensalão. Ele aguarda autorização do STF para seja transferido para Curitiba. O irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também foi preso na operação.

Lula, a próxima "vítima?"

Em entrevista ao Diario, por telefone, Teresa Leitão não se esquivou quando o assunto é o ex-presidente Lula. “A meta política é essa. Aí não é justiça. É política. Cadê a Operação Zelotes? Cadê as investigações das contas na Suíça? Cadê o ‘Trensalão’ (em referência ao cartel dos trens em São Paulo)? Se for para acabar com a corrupção no país, tem todo nosso apoio, mas tem que investigar tudo e não com esse tom apoteótico”, criticou, ao defender que a presidente Dilma Rousseff, do seu partido, já enviou ao Congresso um “pacote anti-corrupção”.

Recentemente, uma perícia da Polícia Federal (PF) identificou doação feita pela construtora Camargo Corrêa ao Instituto Lula no valor de R$ 3 milhões e pagamento de R$ 1,5 milhão à Lils Palestras Eventos e Publicidade, empresa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a 1ª vez que as investigações encontram elo entre uma das investigadas na Operação Lava-Jato com Lula. Os repasses estão identificados no balanço interno da Camargo como “Contribuições e doações” e “Bônus eleitorais”.

Os documentos foram anexados ao inquérito que apura a participação da empresa e de seus executivos no esquema de corrupção. Segundo o laudo, entre 2011 e 2013, a Camargo pagou três parcelas de R$ 1 milhão cada uma ao Instituto Lula. O balanço não explica os motivos do pagamento. Em 2012, o repasse estava sob a rubrica “bônus eleitorais”. No mesmo período, a construtora informou à Receita Federal que pagou R$ 1,5 milhão à Lils. A empresa foi criada por Lula após a sua saída do Planalto e era responsável pelo contratos de palestras e eventos feitos por ele no Brasil e no exterior.

A PF analisou as movimentações de “cunho político” da Camargo de 2008 a 2013. O laudo relata todas as doações legais da empreiteira a campanhas de diversos partidos, num total de R$ 183 milhões. O fato gerou expectativa numa eventual prisão do ex-presidente Lula. O ex-presidente nega todas as acusações.

Com Agência Estado e O Estado de Minas



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