Ex-comunista Humorista do Casseta e Planeta se define como "coxinha" e diz que esquerda tem formação "tabajara" Marcelo Madureira critica a formação política da esquerda atual e questiona artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque

Publicado em: 04/05/2015 10:14 Atualizado em: 04/05/2015 11:39

Marcelo Madureira critica a atual condução política do Brasil. Foto: Marcelo Frazão/ABr
Marcelo Madureira critica a atual condução política do Brasil. Foto: Marcelo Frazão/ABr

É com “bom humor” que Marcelo Madureira, de 56 anos, lida com a política atual. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) na juventude, o humorista do extinto Casseta e Planeta, da Rede Globo, se transformou em crítico feroz da esquerda brasileira. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (4), Marcelo se define como “coxinha” e diz que a esquerda contemporânea tem “formação tabajara”. O termo é em referência a um dos quadros do programa de humor cujo mote principal eram os produtos de baixa qualidade.

“A esquerda de hoje tem uma formação política tabajara. Você precisa perceber algo: o que as pessoas querem é ser legais, parecer legais, querem ser do bem. Na minha época era mais fácil. A direita era o mal, a esquerda era o bem. Mas isso não existe mais. O mundo se apresentou muito mais complexo”, argumenta, antes de questionar o papel da classe artística no momento político atual do país.

“Eu não frequento muito o meio artístico, prefiro ficar em casa lendo, vendo filme. Mas é lamentável o papel da classe artística. É digno de pena. Em um momento como esse, os artistas completamente omissos. Cadê o Caetano Veloso, o Chico Buarque?”, indaga.

Marcelo Madureira também é um crítico dos programas sociais e dos financiamentos públicos para empresas. Para ele, há uma divisão nítida neste cenário. Ricos, classe média e pobres. A classe média, na sua avaliação, quer um emprego público e seus benefícios. Os pobres desejariam as “bolsas assistencialistas” e os ricos querem “Bolsa BNDES”.

“Que sociedade é essa que você quer construir em que o sonho das pessoas se limita a, se for da classe média, passar em um concurso público; se for pobre, arranjar Bolsa Família; e, se for rico, conseguir uma ‘Bolsa BNDES’? Todo mundo passa a querer ser parasita do Estado. Não há país que dê certo assim”, critica.

Eleitor de Aécio Neves

O humorista é favorável aos protestos de abril e março. Aliás, foi pessoalmente às manifestações e se diz eleitor do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), que foi derrotado, na eleição do ano passado, pela presidente reeleita Dilma Rousseff (PT). “Eu votei no Aécio, até fiz um videozinho para a campanha. O PSDB tem certo reconhecimento de que há uma perplexidade, essa complexidade nas coisas. Há discussões densas que têm de ser feitas, as soluções não são simples, precisamos pensar também no longo prazo”.

“Mas, sim, eu vejo uma parcela grande da juventude querendo fazer política, e com frequência eles não encontram representação. Em alguns casos, o que acaba surgindo entre eles é até uma ideia meio exagerada de política liberal, de Estado mínimo. Eu não comungo totalmente com isso. É algo que precisa ser discutido com calma”, alerta.



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