Ex-candidata à Presidência Luciana Genro diz que Aécio Neves adotaria pacote fiscal "mais cruel", caso fosse eleito No entanto, a psolista fez duras críticas às medidas adotadas por Dilma Rousseff (PT) e acusou o governo de beneficiar os mais ricos

Por: Sávio Gabriel - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/03/2015 22:27 Atualizado em: 05/03/2015 22:50

A ex-candidata à Presidência da República discursou na noite desta quinta-feira (5), na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
A ex-candidata à Presidência da República discursou na noite desta quinta-feira (5), na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Em passagem pelo Recife, onde fez uma palestra na noite desta quinta-feira (5) na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a ex-candidata à Presidência Luciana Genro (Psol) falou das alternativas que o partido defende para tirar o Brasil da atual crise econômica e política. Apesar de fazer duras críticas ao pacote fiscal adotado pela presidente Dilma Rousseff (PT) desde o início do ano, Luciana afirmou, em entrevista ao Diario, que caso o tucano Aécio Neves tivesse vencido as eleições, as restrições teriam maior "requinte de crueldade" para os brasileiros.

"O PSDB não precisa disfarçar que está ao lado dos trabalhadores. Eles estão claramente ao lado do capital", afirmou a psolista, acrescentando que o PT, por outro lado, adota uma postura de "falsa defesa" dos trabalhadores. "Como o PT é um partido que nasceu dos trabalahdores, eles sempre tentam parecer que estão defendendo a população, quando na verdade não estão", afirmou.

Atual coordenadora-geral da bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Luciana acusou o pacote fiscal anunciado pela presidente Dilma de defender o interesse dos mais ricos. "Quando a gente diz que o pacote traz o Brasil para o eixo do grande capital, a proposta da presidente está perfeita. Já quando analisamos sob a ótica do povo, as medidas não servem", afirmou, sugerindo que, em vez de dificultar o acesso a benefícios trabalhistas e de diminuir a verba de alguns programas sociais, o governo federal deveria onerar a parcela mais rica da população. "O governo não aumenta a tributação sobre os bancos, não regulamenta o imposto sobre grandes fortunas e não cria mecanismos para que esses poucos que ganharam muito dinheiro paguem um pouco mais".

Impeachment

Sobre o crescente número de pedidos em prol do impeachment da presidente Dilma, Luciana Genro afirmou que a ação tem sido capitaneada pelo PSDB. "No entanto, eles não querem que isso realmente aconteça. O que eles querem é uma Dilma fraca e acossada, para que ela siga implementando essa política econômica que ela anunciou e que é a mesma que o PSDB defende". Segundo Luciana, o Psol não é a favor do impeachment, e concentra a luta política contra o ajuste fiscal e a retirada de direitos trabalhistas. "Não queremos um impeachment para colocar o Michel Temer (PMDB) na presidência, porque é trocar seis por meia dúzia", disparou.

Com relação à situação delicada de Dilma com o Congresso, a psolista disse que isso é resultado de como o governo construiu a coalizão. "Não há base programática, até porque o programa que ela defendeu na eleição não tem nada a ver com o que ela está fazendo agora, então essa relação fisiológica com os partidos leva o governo a sempre ficar refém". A ex-presidenciável também elogiou o deputado estadual Edilson Silva (PSol), que criou da frente LGBT na Assembleia Legislativa.

Críticas ao governo estadual
O deputado estadual Edilson Silva (Psol), que participou do evento, não poupou críticas à gestão do governador Paulo Câmara (PSB). Ao falar sobre os desafios que precisam ser enfrentados em âmbito nacional, o parlamentar afirmou que no cenário local as dificuldades são as mesmas.

"Estamos, agora, numa briga na Assembleia Legislativa porque até a presente data o governador não se dignou a aplicar o reajuste do piso salarial dos professores, de 13%, que é uma lei federal. Ele teve a cara de pau de afirmar que vai esperar o relatório do primeiro quadrimestre para dizer se vai dar ou não o reajuste", disparou. Ele também criticou a destinação de R$ 100 milhões, por parte do estado, para a publicidade, e enumerou problemas do sistema prisional e do Hemope.

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