![Vance também garantiu a presença da União Europeia à mesa das negociações (Crédito: THOMAS KIENZLE / AFP) Vance também garantiu a presença da União Europeia à mesa das negociações (Crédito: THOMAS KIENZLE / AFP)]() |
Vance também garantiu a presença da União Europeia à mesa das negociações (Crédito: THOMAS KIENZLE / AFP) |
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, discursou hoje na Conferência de Segurança de Munique (MSC, na sigla em inglês), na Alemanha, a reunião anual da elite diplomática, e afirmou que a Casa Branca está pronta para pressionar a Rússia nas futuras conversações para solucionar a guerra na Ucrânia.
Vance também garantiu a presença da União Europeia à mesa das negociações para mediar o conflito, porém disse que precisam assumir mais responsabilidades na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para ‘compartilhar o fardo’ da defesa do continente.
Enquanto isso, o diplomata alemão Christoph Heusgen, que preside à MSC, reconheceu que Vance poderá anunciar a retirada de uma grande parte das tropas norte-americanas da Europa, o que seria um golpe para a segurança do continente. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, indicou que os europeus não podem substituir militarmente os norte-americanos de um dia para o outro, adiantando, no entanto, ter apresentado uma proposta para um roteiro nesse sentido.
"É momento de investir, porque não se pode assumir que a presença norte-americana vai durar para sempre", já avisou nesta sexta-feira o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, na Polônia.
Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, irá ainda se encontrar com Vance em Munique e o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, também deverá estar presente. Kiev exige uma ‘paz justa’ e garantias de segurança por parte dos europeus e americanos, inclusive o envio de tropas para assegurá-la.
A Rússia, por sua vez, quer anexar os territórios ucranianos que ocupa e reduzir a presença da OTAN nas suas fronteiras.
Já as declarações de Vance ao Wall Street Journal parecem ter tranquilizado o presidente ucraniano. “Os Estados Unidos terão em conta a independência soberana da Ucrânia nas próximas negociações. Para pressionar a Rússia, há os meios de pressão econômica, mas existem evidentemente os meios de pressão militar”, declarou Vance em entrevista ao jornal.
Para Zelensky, a fala de Vance enviou um sinal forte a Moscou. Entretanto, Washington afirma que a adesão da Ucrânia à OTAN é irrealista, assim como o regresso do país às suas fronteiras anteriores a 2014, ou seja, à Crimeia, anexada nesse ano por Moscou.
Em contrapartida, os aliados da Ucrânia estão preocupados e receiam que a nova administração dos EUA "ceda tudo" à Rússia. "Uma paz que seja uma capitulação será uma má notícia para todos” advertiu o presidente da França, Emmanuel Macron, numa entrevista ao Financial Times.
A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, estabeleceu um paralelo entre a atual crise e a de 1938, quando o Acordo de Munique levou à anexação de parte da Checoslováquia pela Alemanha no regime de Adolf Hitler.
O Kremlin, por outro lado, já disse que não teria representantes na MSC para conversar sobre a Ucrânia, ao contrário do que o líder dos EUA, Donald Trump, mencionou na última quinta-feira.